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ELEIÇÕES 2006
Em entrevista a programa de TV, Alckmin admitiu a possibilidade de recorrer à convenção do PSDB para definir candidatura
Tasso tentará disciplinar disputa interna
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente nacional do PSDB,
senador Tasso Jereissati (CE),
chega hoje a Brasília disposto a
disciplinar a queda-de-braço entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra.
Ontem, porém, Alckmin admitiu a disputa em convenção como
uma das alternativas para a escolha do candidato do PSDB à Presidência, dando sinais de que poderá levar o confronto até junho.
Em entrevista ao programa
"Canal Livre", da TV Bandeirantes, Alckmin incluiu a prévia como um instrumento de decisão:
"Qual é o critério de escolha? Tem
vários. Você tem a convenção em
junho, você tem entendimento
nos próximos meses e você tem a
escolha através do colegiado".
Questionado, disse que "não
precisa ser convenção. Pode resolver antes", mas sempre sem rechaçar a hipótese. Para desconforto da cúpula do PSDB, Alckmin repetiu que "Serra tem dito
que não é candidato". Ele defendeu ainda seu secretário de Educação, Gabriel Chalita, atacado
por tucanos após ter recomendado que o PSDB refletisse sobre o
ônus de Serra abandonar a prefeitura com três anos pela frente.
"Na política brasileira, falar o
que pensa virou surpresa. É tudo
tão dissimulado, tão dissimulado,
que quando você diz que é candidato [...] vira surpresa", reagiu ele.
Embora alegando que não há
objeção ao vice-prefeito, Gilberto
Kassab, Alckmin se recusou a
atestar sua capacidade administrativa. Disse que defendeu a
aliança com o PFL, mas negou
que tenha indicado o vice. "A escolha do candidato não é minha."
Para justificar o anúncio de sua
decisão de deixar o governo até 31
de março, Alckmin repetiu que
não está fazendo política "na geladeira". Ele disse que "se o PSDB
deve definir o candidato antes da
desincompatibilização, é o momento de discutir", pregou.
Por isso, o comando do PSDB
deverá intervir. Segundo o secretário-geral do partido, Eduardo
Paes (RJ), uma das primeiras medidas será destacar uma comissão
com a tarefa de conversar com os
dois postulantes do partido.
Pelo tom de Alckmin, o embate
promete continuar. Na mesma
semana em que Alckmin viaja para o Nordeste em busca de apoio,
aliados de Serra sugerem que os
tucanos apressem a consulta dos
diretórios para a escolha de candidato. "Não temos muito tempo.
Temos, no máximo, 60 dias", afirmou o líder do partido na Câmara, Alberto Goldman (SP).
Hoje mesmo, Tasso deverá se
reunir com Paes, Goldman e o líder do PSDB no Senado, Arthur
Virgílio (AM). A idéia é fixar um
padrão de conduta para evitar
conflitos até março, quando o
partido pretende decidir.
Segundo interlocutores de Tasso, ele pretende apresentar esses
critérios já a partir desta semana,
mas rechaça a rigidez de regras.
Tendo acompanhado a crise do
exterior, de onde chegou na madrugada de ontem, Tasso teria lamentado a situação. Embora o
partido opte por termos como
"procedimento", há tucanos que
defendem a imposição de normas
claras para impedir, por exemplo,
que Alckmin acue Serra.
Para alguns, as declarações de
Alckmin soam como provocações. Ao responder por que Serra
não se declara candidato, Paes fala em respeito às condições de cada um. "São circunstâncias diferentes. E elas deverão ser respeitadas. O Alckmin pode se manifestar. O Serra não. Mas, se o PSDB
decidir, ele vai ser o candidato."
Para Goldman, "o partido é que
decidirá quem é candidato". Programando uma reunião informal
para amanhã, Goldman diz que, a
partir de agora, o PSDB deverá
consultar líderes, governadores e
prefeitos para tomar sua decisão.
Ainda na entrevista, Alckmin
prometeu "tocar a tesoura na taxa
de juros", se eleito. Ao falar de ética, disse não pretender "fazer
campanha falando mal de Lula. O
povo está cansado disso".
Pela manhã, disse que acha necessário fazer alianças com outras
siglas para vencer eleição. Para
ele, aliar-se ao PFL se mostra como um "caminho natural", mas
fazer parceria com o PMDB seria
importante, ao menos no segundo turno. "Somos primos", disse,
referindo-se ao PMDB.
(CATIA SEABRA E DANIELA TÓFOLI)
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