São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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Jungmann diz que renuncia se provarem que desviou dinheiro

Para deputado, pode ter havido interesses políticos por trás da denúncia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Acusado pelo Ministério Público Federal de ter participado de "um esquema sórdido" para desviar R$ 33 milhões do Ministério do Desenvolvimento Agrário durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) rebateu ontem a denúncia e disse que se alguém encontrar um desvio de dinheiro, ele renuncia ao mandato.
"Pode escrever: eu renuncio a meu mandato se alguém encontrar um desvio para o bolso de alguém, para o meu, para a minha conta bancária."
Ele insinuou que pode existir interesses políticos por trás da ação. Disse que não daria nomes agora, mas lembrou que foi um dos primeiros a propor as CPIs do Mensalão e dos Sanguessugas e que integrou a frente contra o aumento do salário dos congressistas.
"Não tem que atacar. Tem que demonstrar às pessoas e deixar que elas formem seu juízo [...]. Por exemplo, o José Dirceu colocou um monte de coisas no blog dele. Eu não vou responder", disse ele.
A ação foi proposta pelo Ministério Público no dia 18 de dezembro, mas só foi divulgada pela assessoria do órgão na quinta-feira passada.
De acordo com a ação, teria havido superfaturamento e fraudes em gastos de publicidade e assessoria de imprensa feitos pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) nas contratações das agências de publicidade Artplan e Casa Blanca entre 1998 e 2002, período em que Jungmann foi ministro.
O deputado baseou sua defesa em relatório de auditoria interna do Incra concluído em 2004. Segundo ele, o documento diz que apenas R$ 562 mil deveriam ser ressarcidos aos cofres públicos pelas agências.
O deputado afirmou que, apesar de o Ministério Público usar o termo "desvio", não há uma menção em todo o processo sobre ele ou qualquer um de seus subordinados ter embolsado recursos ilegalmente.
A única doação da Artplan nas eleições de 2002 foi para Jungmann, no valor de R$ 20 mil. Ele disse que isso não o constrangia porque a empresa passou por um processo licitatório e fez uma doação legal.
Ele reclamou também que não foi ouvido pelo Ministério Público. "Aqui não tem caixa dois, não tem dinheiro na cueca, não tem mensalão, não tem sanguessuga. Por que eu, que sou o principal acusado [...], não sou chamado a prestar esclarecimento?", perguntou.
A Folha tentou falar com o procurador José Alfredo de Paula Silva, um dos autores da denúncia, mas foi informada de que ele não havia ido trabalhar ontem por estar doente.


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