|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jungmann diz que renuncia se provarem que desviou dinheiro
Para deputado, pode ter havido interesses políticos por trás da denúncia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado pelo Ministério Público Federal de ter participado
de "um esquema sórdido" para
desviar R$ 33 milhões do Ministério do Desenvolvimento
Agrário durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) rebateu ontem a denúncia
e disse que se alguém encontrar
um desvio de dinheiro, ele renuncia ao mandato.
"Pode escrever: eu renuncio
a meu mandato se alguém encontrar um desvio para o bolso
de alguém, para o meu, para a
minha conta bancária."
Ele insinuou que pode existir
interesses políticos por trás da
ação. Disse que não daria nomes agora, mas lembrou que foi
um dos primeiros a propor as
CPIs do Mensalão e dos Sanguessugas e que integrou a
frente contra o aumento do salário dos congressistas.
"Não tem que atacar. Tem
que demonstrar às pessoas e
deixar que elas formem seu juízo [...]. Por exemplo, o José Dirceu colocou um monte de coisas no blog dele. Eu não vou
responder", disse ele.
A ação foi proposta pelo Ministério Público no dia 18 de dezembro, mas só foi divulgada
pela assessoria do órgão na
quinta-feira passada.
De acordo com a ação, teria
havido superfaturamento e
fraudes em gastos de publicidade e assessoria de imprensa feitos pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) nas contratações das
agências de publicidade Artplan e Casa Blanca entre 1998 e
2002, período em que Jungmann foi ministro.
O deputado baseou sua defesa em relatório de auditoria interna do Incra concluído em
2004. Segundo ele, o documento diz que apenas R$ 562 mil
deveriam ser ressarcidos aos
cofres públicos pelas agências.
O deputado afirmou que,
apesar de o Ministério Público
usar o termo "desvio", não há
uma menção em todo o processo sobre ele ou qualquer um de
seus subordinados ter embolsado recursos ilegalmente.
A única doação da Artplan
nas eleições de 2002 foi para
Jungmann, no valor de R$ 20
mil. Ele disse que isso não o
constrangia porque a empresa
passou por um processo licitatório e fez uma doação legal.
Ele reclamou também que
não foi ouvido pelo Ministério
Público. "Aqui não tem caixa
dois, não tem dinheiro na cueca, não tem mensalão, não tem
sanguessuga. Por que eu, que
sou o principal acusado [...], não
sou chamado a prestar esclarecimento?", perguntou.
A Folha tentou falar com o
procurador José Alfredo de
Paula Silva, um dos autores da
denúncia, mas foi informada de
que ele não havia ido trabalhar
ontem por estar doente.
Texto Anterior: Yeda diz que PSDB deve discutir 3ª via para disputa na Câmara Próximo Texto: Frase Índice
|