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Lobão diz que seu filho não vai renunciar
Futuro ministro não descarta a possibilidade de seu filho se licenciar do Senado para dar cadeira ao segundo suplente
Apesar de ninguém admitir publicamente, PMDB e governo preferem que Remi Ribeiro, segundo suplente, fique com a vaga de senador
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Edison Lobão
(PMDB-MA) descartou ontem
a hipótese de o filho dele, o primeiro suplente Edison Lobão
Filho (DEM-MA), o Edinho,
não assumir seu mandato no
Senado caso ele seja confirmado hoje como novo ministro de
Minas e Energia.
No entanto, Lobão sinalizou
que, no futuro, o filho poderá licenciar-se repassando a cadeira para Remi Ribeiro (PMDB-MA), segundo suplente da vaga.
Isso agradaria à cúpula do
PMDB e o governo que não
quer correr riscos em votações
futuras no Senado.
A direção do DEM também
não faz questão de ter o filho de
Lobão na bancada. Ontem, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO)
disse que se Edinho não der explicações sobre as denúncias
que sofre, "será convidado a
deixar o partido". O filho de Lobão teria usado laranjas para
ocultar sua participação numa
distribuidora de bebidas no
Maranhão.
O líder do DEM no Senado,
José Agripino (RN), também
cobrou explicações. "Mas vamos tomar qualquer atitude só
depois que ele tomar posse".
Presidente nacional do DEM,
deputado Rodrigo Maia (RJ),
afirmou que preferia que Edinho "tivesse ido para o PMDB
com o pai".
"Não há hipótese de ele não
assumir. Até do ponto de vista
legal isso não é possível", disse
Lobão. Segundo o senador, o filho tem de tomar posse para
que não seja configurada uma
renúncia, o que resultaria na
perda definitiva do posto de
primeiro suplente.
Em seu artigo 5º, o regimento interno do Senado determina 30 dias para que o primeiro
suplente tome posse: "Se, dentro dos prazos estabelecidos
neste artigo, o suplente não tomar posse e nem requerer
prorrogação, considera-se haver renunciado o mandato,
sendo convocado o segundo suplente".
Lobão afirmou ontem que
Edinho não tem vontade em assumir o mandato e que, se o fizer, será por obrigação. "Ao
longo dos últimos cinco anos,
pedi para ele assumir a minha
cadeira por uns tempos para
que eu pudesse me licenciar,
mas o Edinho nunca quis."
O senador negou ter conversado com a cúpula do PMDB
sobre o seu substituto. Lobão,
no entanto, fez elogios ao segundo suplente, Remi Ribeiro.
Remi ocupa atualmente a presidência do diretório regional
do PMDB do Maranhão. Ele assumiu interinamente o posto
que é do ex-senador João Alberto Souza, nomeado há cerca
de quatro meses diretor do
banco da Amazônia a pedido da
família Sarney.
Remi disse à Folha que "não
está reclamando" para ser senador: "De qualquer forma, estou apto". Ele, porém, admitiu
que a cúpula do partido é quem
vai decidir. "Agora, a questão
política é outra. Depende dos
acertos políticos que se fizerem", disse. "É natural o PMDB
querer a vaga porque o DEM é
oposição", completou.
Remi contou que nunca teve
mandato em Brasília. Ele foi
deputado estadual e vereador
em Imperatriz, segunda maior
cidade do Maranhão. "Seria interessante para a cidade ter um
senador, mas o Lobão também
faz um grande mandato", disse.
Apesar de ninguém admitir,
o PMDB e o governo preferem
que Remi fique com a vaga de
Lobão. O filho do provável ministro não migrou do DEM para o PMDB como o pai e, portanto, poderia sofrer pressões
para votar com a oposição.
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