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Parlamentar é popular no baixo clero
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidente da Câmara deveu-se em parte à popularidade que tem entre os congressistas do chamado baixo clero.
Não há no Congresso quem
consiga explicar como ou quando
a expressão começou a ser usada
para designar os cerca de 400 deputados (de um total de 513) que
quase nunca aparecem na mídia.
É mais fácil identificar quem são
eles e como atuam.
Os integrantes do baixo clero
são quase todos os que não têm
cargos formais dentro da Câmara
nem conseguem visibilidade por
seu histórico na política. Nunca
são procurados para entrevistas
na TV. Não recebem projetos para relatar. Não são líderes nem vice-líderes. Não estão na Mesa Diretora da Casa. A rigor, são deputados sem importância política.
Enquanto os deputados mais famosos conseguem manter o nome em evidência por ocuparem
cargos de alguma relevância na
Câmara, o deputado do baixo clero só fica com uma saída para
manter-se ativo para a eleição seguinte: obter e levar verbas para as
cidades de sua base eleitoral.
A fórmula é simples. A cada final de ano o deputado se esforça
para enfiar no Orçamento da
União uma emenda sobre uma
obra na sua comunidade eleitoral.
A inclusão da emenda abre espaço para o passo seguinte: publicar
em algum jornal local que a obra
será construída, mas é necessário
dar apoio ao deputado para que
ele "lute pela liberação da verba".
O próximo capítulo é visitar ministérios, pedindo a liberação do
dinheiro. Há várias fases. Primeiro, a aprovação do projeto. Depois, as licenças dos órgãos afins,
por exemplo o Ibama. Em seguida, ministros têm de estar de
acordo. Se tudo der certo, o valor,
ou parte, é empenhado. Significa
que está pronto para sair. A liberação é o final da novela. Durante
a seqüência, o deputado terá
chances de ameaçar o Planalto
com votos contrários na Câmara.
A falta de apoio do governo Lula
aos deputados teria sido, na versão do baixo clero, um dos estopins da eleição de Severino. Um
dos itens de sua plataforma como
presidente é fazer com que os deputados passem a ser mais bem
recebidos pelo Executivo.
De sexta-feira até as 17h de ontem, os deputados patrocinaram
26 mudanças de partido com o
objetivo de abocanhar comissões
permanentes e mais estrutura e
verbas para os gabinetes das lideranças partidárias.
(FR)
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