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DF paga R$ 10,4 milhões a empresas de Paulo Octávio
Emissoras de rádio e TV do interino receberam verba para veicular publicidade oficial
Em 2009, foram pagos ao grupo R$ 5,2 mi -126% a mais que no primeiro ano
da gestão Arruda; empresas negam haver irregularidade
FERNANDA ODILLA
LUCAS FERRAZ
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Distrito Federal pagou ao
menos R$ 10,4 milhões para
empresas do governador interino, Paulo Octávio (DEM), veicularem publicidade oficial. O
valor se refere aos últimos três
anos, quando ele já era vice de
José Roberto Arruda (sem partido), hoje afastado e preso.
O levantamento da Folha
mapeou as verbas distritais repassadas por agências de publicidade a empresas das Organizações Paulo Octávio -conglomerado de comunicação que
inclui emissoras de rádio e TV.
Os valores se referem só aos
contratos da administração direta -estão excluídas empresas públicas e fundações- e foram levantados no sistema de
execução orçamentária do DF.
Dono de um complexo imobiliário em Brasília, além de
shopping, concessionária de
carros e hotel, Paulo Octávio
também é proprietário da TV
Brasília e das rádios JK, Voz do
Cerrado, Gama e Principal.
Só em 2009, as empresas de
comunicação do político receberam para fazer propaganda
do governo R$ 5,2 milhões
-valor 126% maior que o registrado no primeiro ano da gestão Arruda, R$ 2,3 milhões.
A reportagem não conseguiu
levantar dados sobre publicidade anteriores a 2007.
A maior fatia do bolo publicitário foi repassada para a TV
Brasília. Entre 2007 e 2009, a
emissora ficou com R$ 3,3 milhões. Em seguida estão as rádios JK (R$ 2,3 milhões), Principal (R$ 2,1 milhões), Gama
(R$ 1,6 milhão) e Voz do Cerrado (R$ 1,1 milhão).
Conforme revelou a Folha, o
político omitiu na declaração
de bens à Justiça Eleitoral sua
participação societária nessa
última emissora. Paulo Octávio
alegou que, à época, a rádio não
estava em funcionamento.
Embora repassada às empresas de comunicação pelas agências que venceram as licitações,
as verbas eram distribuídas
conforme critério da Secretaria
de Comunicação do DF, então
comandada por Weligton Moraes, preso na semana passada
sob a acusação de tentar subornar uma testemunha do mensalão do DEM -motivo que
também levou Arruda à prisão.
O governo do DF e o conglomerado de comunicação de
Paulo Octávio afirmam que a
distribuição da verba observa a
audiência das emissoras.
No ano passado, o DF gastou
com publicidade R$ 201 milhões -nessa conta, mais uma
vez, estão excluídas empresas
públicas e fundações. O jornal
"Correio Braziliense" recebeu
a maior parte dessa verba.
A contestada Lei Orgânica do
DF, que será analisada pelo Supremo Tribunal Federal, nada
diz se o político pode ter rádio e
TV nem se há ilegalidade no repasse de verba a firmas de ocupante de cargo eletivo.
Acossado por quatro pedidos
de impeachment na Câmara
Legislativa, o interino é suspeito de receber propina do esquema de corrupção revelado
pela Polícia Federal. Ele nega.
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