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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
Verba seria suficiente para construir 14 creches, 13 escolas infantis e 358 apartamentos populares
Benefícios extras passam de R$ 26 mi em SP
ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local
Os benefícios adicionais dos deputados estaduais paulistas custaram aos cofres públicos, desde o
início da atual legislatura (1995),
pelo menos R$ 26.524.000,00.
Com esse dinheiro, o governo do
Estado poderia ter construído 14
creches, 13 escolas infantis e 358
apartamentos populares.
Além dos salários de R$ 6.000
(que não entraram nessa conta),
os parlamentares de São Paulo receberam verbas para hospedagem,
manutenção de gabinete, auxílio-paletó e gasolina.
Ganharam também uma complementação salarial por sessões
noturnas e convocações extraordinárias no período de férias, que
nem sempre foram exatamente
necessárias.
No final de 97, por exemplo, os
parlamentares pressionaram o governador Mário Covas (PSDB) a
fazer a convocação extra.
Covas dependia da aprovação de
dois projetos de lei para que o governo não perdesse uma arrecadação de cerca de R$ 600 milhões. Os
deputados recusaram-se a votá-los durante o ano legislativo,
alegando que não havia acordo
entre as lideranças dos partidos.
O governador fez a convocação,
que rendeu R$ 6.000 para cada deputado, e eles aprovaram os projetos. Foram necessários apenas
dois dias de trabalho no recesso
para que fosse feito o acordo.
Mais do que salário
Com todos benefícios, os 94 deputados receberam, cada um, em
média, cerca de R$ 282 mil ao longo dos 37 meses de mandato (janeiro de 1995 a janeiro de 1998).
Quantia maior do que a obtida
com os salários, incluindo o 13º,
que foi de R$ 240 mil.
Só com a chamada verba de gabinete, cada deputado recebeu,
mensalmente, a partir de maio do
ano passado, 1.250 Ufesps, o equivalente hoje a R$ 10.462,50.
A criação da verba foi uma promessa de campanha do presidente
da Assembléia, Paulo Kobayashi.
Ela substituiu uma cota mensal de
benefícios (como gasolina, correspondência e material gráfico) a
que todos tinham direito.
Com uma diferença: antes, os
benefícios tinham um valor máximo equivalente a R$ 3.000, portanto, bem menor do que a quantia paga hoje.
A justificativa para o aumento é
que a verba, além dos possíveis
gastos para a manutenção do gabinete, inclui uma quantia para a
hospedagem em São Paulo dos deputados do interior. O curioso é
que os deputados paulistanos
também recebem a verba.
As sessões extras também trazem uma boa renda para os parlamentares. Essas sessões são convocadas quando os deputados
querem inverter a pauta de votações, o que não pode ocorrer, de
acordo com o regimento interno,
durante as sessões ordinárias (sem
pagamento extra).
O regimento obriga os deputados, durante as sessões ordinárias,
a votar primeiro os vetos do governador e os projetos com regime
de urgência. Para driblar essa exigência, os deputados recorrem às
sessões extras.
Cada sessão extra rende R$ 200.
Em 1995, ocorreram 57 extras. Em
96, 82 e, em 1997, 101.
O presidente da Assembléia diz
considerar que a atividade legislativa foi muito "rica" nos últimos
três anos. Ele diz que muitos e importantes projetos foram discutidos e votados. Kobayashi cita o
programa estadual de desestatização e a federalização do Banespa.
"O programa de desestatização
foi o fato mais importante desde a
reabertura da Assembléia em 46."
A Câmara Municipal de São
Paulo utiliza o mesmo recurso para acelerar a pauta, com uma diferença: não existe pagamento para
as sessões extras.
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