São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Guerra de desgaste

Foi manchete desde o Google Notícias até os portais UOL, Terra e iG -e daí para os telejornais.
No enunciado do portal Globo.com, em submanchete, "Lula dispara". Na manchete do site de "O Estado de S.Paulo", "Lula dispara e Alckmin emperra, diz Ibope". E no enunciado da Folha Online, em submanchete, "Lula venceria Alckmin, diz CNI/Ibope".
Na Band News, outros destaques, "aprovação de Lula sobe de 42% para 55%", "avaliação positiva do governo sobe de 29% para 38%" etc.
De bate-pronto no blog de Josias de Souza, na Folha Online, "contra Alckmin, Lula vence no primeiro turno".
 
Daí para Lula na Globo News, ele que "reagiu aos adversários" e cobrou, ontem num palanque do Nordeste:
- O Brasil quer que os governantes façam aquilo que precisa ser feito. Deixem de xingatório, deixem de acusações falsas que depois não se provam.
Não é, obviamente, o que o pefelista Cesar Maia, em seu "ex-blog" agora divulgado em outros blogs, cobrava ontem da oposição:
- O adversário [de Lula] terá que fazer uma campanha de grande contundência, nunca de confronto de programas. Será uma guerra de desgaste, de desmonte do presidente. Os escândalos de 2005 abrem caminho para isso.
Mais à frente:
- E isso tem que ser feito já.
 
Ontem mesmo avançou a "guerra". Em meio aos destaques ligados à pesquisa CNI/ Ibope, a Band News trazia outros, da CPI do Fim do Mundo chefiada pelo PFL:
- CPI dos Bingos aprova convocação de Delúbio... CPI dos Bingos aprova acareação de Okamotto... Aprova convocação de Francenildo.
E na Globo News, que evitou Francenildo:
- CPI dos Bingos aprovou acareação de Okamotto... CPI dos Bingos também aprovou convocação de Delúbio.
 
E tem a CPI mista dos Correios, em seu estertor.
A última sessão antes de partir para o relatório final, ontem, ocupou os canais de notícias com um espetáculo "patético e inútil", no dizer do blog de Fernando Rodrigues.
O (não) depoimento de Duda Mendonça "seria totalmente fechado", mas questionaram, votaram e parte da sessão foi aberta para os microfones e câmeras, como ironizou o blog de Ricardo Noblat:
- Que beleza! Vale para cada um aparecer na TV.
E para o tucano Álvaro Dias exigir o indiciamento de Lula pelo depoimento de Duda -só que aquele outro, mais de sete meses atrás. É guerra.

ESQUERDA E DIREITA

wsj.com/agenciacartamaior.uol.com.br
Bico-de-pena de Alckmin/Bico-de-pena de Emir Sade


De Geraldo Alckmin, ontem no "SBT Brasil", ele que até reforma agrária defendeu:
- Esta história que me coloca mais ao centro, mais à direita, mais conservador, eu vejo com enorme bom humor. Vão levar um susto.
 
Pode ser, mas Lula mal consegue disfarçar a alegria com o conflito que se desenha. Dele, segundo o blog da Agência Nordeste:
- A gente sabe quem é o adversário comum, quem a gente quer vencer. Temos pontos de vista diferentes de muitos companheiros, mas sabemos trabalhar isso.
No site Carta Maior, de esquerda e vinculado aos movimentos sociais, a manchete bradava:
- Agenda de Alckmin prevê retomar Alca e as privatizações.
E no texto do sociólogo Emir Sader, quase um editorial do site:
- Depois de três meses de disputa, o PSDB optou por uma face sem maquiagem. Sem despistes ou fantasia. Ao anunciar Alckmin, a legenda indica que escolheu concorrer com uma cara que expressa, sem devaneios, seu conservadorismo neoliberal.
 
Pelo mundo, prossegue a repercussão da nova face "do principal partido de oposição, os social-democratas de centro-direita", na expressão do "Washington Times", vinculado aos falcões republicanos.
Sob o título "Opositor de presidente tem batalha de subida de montanha no Brasil", o "Wall Street Journal" noticiou à pág. A8 que o PSDB escolheu "o Alckmin amigo-das-empresas contra o carismático Da Silva". O tucano "deixou sua marca cortando tributos, estimulando investimento e levando adiante a privatização".
Já o novo correspondente do "Financial Times" elogiou como "Mr. Alckmin, antes visto como um "terno cinza" com pouco apelo fora da comunidade empresarial de São Paulo, mostrou surpreendente determinação". Ele seria "mais voltado ao mercado do que Serra, que muitos consideram um intervencionista".

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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