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"MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES
Câmara segue recomendações do conselho e cassa 3º "mensaleiro"
Presidente do PP é cassado; ex-líder do partido é absolvido
FÁBIO ZANINI
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara ontem resolveu seguir as recomendações do Conselho de Ética e cassou o deputado e
presidente do PP, Pedro Corrêa
(PE), pouco após absolver o ex-líder do partido na Casa Pedro
Henry (MT). Corrêa foi cassado
numa votação apertada: foram
261 votos pela cassação, apenas
quatro a mais que o número mínimo, e 166 deputados votaram
pela absolvição.
O placar do "mensalão" tem
agora cinco absolvições: além de
Henry, escaparam Prof. Luizinho
(PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG), Romeu Queiroz (PTB-MG)
e Sandro Mabel (PL-GO).
Com a cassação de Corrêa, são
agora três os punidos por envolvimento no escândalo, os outros
dois sendo os personagens principais da crise, Roberto Jefferson
(PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP).
Renunciaram quatro parlamentares -Valdemar Costa Neto
(PL-SP), Carlos Rodrigues (PL-RJ), José Borba (PMDB-PR) e
Paulo Rocha (PT-PA)- e sete
ainda precisam ser julgados.
Henry venceu com ampla margem. Foram 255 votos contra a
cassação e somente 176 pela perda
de mandato, bem abaixo do mínimo de 257 necessários.
Alguns deputados mostraram a
cédula ao colocá-la na urna, num
protesto contra o voto secreto em
cassações. Parlamentares do
PSOL também fizeram manifestação, abrindo uma faixa verde e
amarela onde se lia: "Não ao acordão! Sim à cassação!"
Os dois resultados eram esperados. O caso contra Henry nunca
chegou a empolgar a Câmara.
Prova disso foi o fato de o discurso de defesa ter sido acompanhado por um plenário esvaziado,
com pouquíssimos deputados interessados no que se passava.
Henry fez um discurso de defesa
baseado na falta de provas em seu
processo. ""Defender-se de uma
acusação falsa deveria ser tarefa
mais fácil. Mas no mundo atual a
suspeição impede que a verdade
seja ouvida", afirmou o ex-líder.
A principal peça de acusação
contra ele era a palavra de Jefferson. O deputado cassado, na entrevista dada à Folha em junho do
ano passado que deflagrou a crise
política, acusou Henry de ter tentado cooptar dois deputados do
PTB oferecendo a eles "mensalão". O pepista também teria reclamado com o líder do PTB, José
Múcio (PE), pelo fato de os petebistas não estarem recebendo repasses do governo. Mas o próprio
Múcio negou essa versão.
As evidências ficaram nisso.
Nunca apareceu uma prova material ligando Henry à compra de
deputados ou ao financiamento
irregular de campanha.
Isso enfraqueceu os argumentos pela cassação e foi usado várias vezes por ele ontem em sua
defesa. "As provas contra mim
não existem porque os atos a mim
imputados são falsos."
Presidente do PP
Já o caso contra Corrêa sempre
foi considerado um dos mais fortes. Em parte, ele foi punido por
liderar um dos partidos mais
identificados com o esquema do
"mensalão". Foram R$ 4,1 milhões que abasteceram a legenda.
A versão dada para uma parte dos
gastos (R$ 700 mil), para pagar
despesas com advogado ao ex-deputado Ronivon Santiago (AC),
foi considerada inverossímil.
Corrêa também respondeu a
uma necessidade da Câmara de
oferecer um "peixe grande" à degola após o mal-estar com as absolvições da semana passada.
Em seu discurso, o pepista reclamou de estar sendo injustiçado
pelo "implacável massacre e insaciável apetite da mídia". "Alguns
setores da mídia exigem a decapitação, não importando se há provas ou não. De nada vale a biografia do acusado", disse. Na verdade, a biografia do deputado, que já
se envolveu em outros escândalos, foi apontada por parlamentares como motivo para cassá-lo.
Apesar disso, Corrêa procurou
de todas as formas se salvar. Anteontem à noite, encontrou-se
com a bancada do PL, mas o
apoio do partido, também fortemente identificado com o "mensalão", não foi suficiente.
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