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Senado cria CPI para apurar desvios de verbas em ONGs
Comissão vai investigar fatos ocorridos desde segundo mandato de FHC, em 99
Oposição suspeita que a Petrobras tenha favorecido organizações; petistas querem analisar programa dirigido por Ruth Cardoso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado criou ontem a CPI
das ONGs para investigar suposto favorecimento e desvio
de recursos públicos por organizações não-governamentais.
Essa é a primeira comissão parlamentar de inquérito do segundo mandato do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Originalmente, a comissão
iria apurar os fatos desde 2003,
mas o PT conseguiu ampliar o
foco para 1999, pegando o segundo mandato do presidente
Fernando Henrique (PSDB).
"O ideal era que fosse até Cabral", disse o senador Heráclito
Fortes (PFL-PI), autor do requerimento de criação da CPI.
A oposição suspeita, por
exemplo, de favorecimento e de
desvio de recursos nos repasses
feitos pela Petrobras para
ONGs nas últimas eleições. Em
retaliação, os petistas querem
investigar o Comunidade Solidária, que era dirigido pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso.
A princípio, há acordo entre
governo e oposição para o funcionamento da CPI. "Se quiserem, a CPI pode ser produtiva
para aperfeiçoar a atuação das
ONGs e o modelo de gasto público, criando uma espécie de
marco regulatório. Não cabe é
fazer disputa política", disse o
líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
O requerimento apresentado
por Heráclito possui 74 assinaturas -47 a mais do que o mínimo necessário- e a comissão
tem prazo de funcionamento
de 120 dias. Não assinaram a líder do PT, Ideli Salvatti (SC),
Aloizio Mercadante (PT-SP),
Patrícia Saboya (PSB-CE), José
Nery (PSOL-AL), Sérgio Guerra (PSDB-CE), Maria do Carmo
Alves (PFL-SE) e o presidente
do Senado Renan Calheiros
(PMDB-AL). Mercadante chegou a assinar, mas recuou.
O documento foi lido em plenário e será publicado no "Diário do Senado" de hoje. Os senadores tinham até a meia-noite de ontem para retirar assinaturas, mas, devido à margem de
segurança, é improvável que a
CPI seja inviabilizada.
"Queremos investigar a malversação de recursos públicos
pelas ONGs. Não é para perseguir ONG de fulano, e sim o sistema", afirmou Heráclito.
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