São Paulo, domingo, 16 de março de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Alto teor

A MP que proíbe a venda de bebidas alcóolicas em rodovias federais não preocupa mais a indústria. Convencido de que o texto será desfigurado na Câmara, o setor voltou suas baterias para dois outros problemas: a discussão sobre uma Cide a ser cobrada de bebidas e tabaco e o projeto de lei que restringe a propaganda.
A primeira ameaça ainda engatinha no governo, mas a segunda é real e imediata. O Ministério da Saúde lança nesta semana uma cartilha para os parlamentares, alvo de intenso lobby dos fabricantes. O texto rebate ponto por ponto os argumentos contrários à restrição, traz lista de países que a adotam e um apanhado de pesquisas que relacionam as campanhas publicitárias ao aumento do consumo entre jovens.

Basta comparar. Um dos argumentos do governo em defesa da restrição da propaganda de bebidas é a queda nas vendas de cigarros depois que foi adotada medida nesse sentido. Será citado boletim da OMS que aponta o Brasil como campeão na redução do número de fumantes adultos.

Peregrinação. O ministro da Saúde, José Temporão, procurou líderes da Câmara para pedir empenho pelo projeto de lei antipropaganda de bebidas. Quer evitar que ele tenha destino semelhante ao da medida provisória que proíbe a venda em rodovias.

Tá vendo? Na terça, durante inauguração de obras do governo federal, o prefeito de Porto Alegre do Tocantins, Adeljon Carvalho, defendeu em alto e bom som o terceiro mandato. Lula riu e comentou: "E depois dizem que sou eu...". O prefeito é do DEM.

"Change". Em entrevista à "Rolling Stone", o senador Arthur Virgílio explica de onde retirou inspiração para enfrentar os grão-tucanos José Serra e Aécio Neves na disputa pela vaga do PSDB na eleição presidencial: "A candidatura de Barack Obama mostrou que é possível vencer os caciques partidários".

*#@&?! Peemedebistas que conversaram com o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal, saíram impressionados com o grau de animosidade do deputado paulista em relação a José Serra. Nunca tinham ouvido nem petista pegar tão pesado com o governador.

Reciclagem. Pelo menos dois petistas que neste ano se despedem do mandato de prefeito devem ser aproveitados em cargos no governo federal: Fernando Pimentel (Belo Horizonte) e João Paulo (Recife). O primeiro porque Lula quer. O segundo porque, se ficar em Pernambuco, entrará imediatamente em campanha pelo governo em 2010. E Eduardo Campos (PSB) é aliado do peito do presidente.

Carimbo. Adversários já perceberam que Marcelo Crivella (PRB) tem feito um esforço para "se despentecostalizar", na tentativa de superar seu alegado teto nas intenções de voto para a Prefeitura do Rio de Janeiro. A tática dos rivais será oposta: qualificá-lo, em todas as oportunidades, como "bispo" da Igreja Universal do Reino de Deus.

Na área. Hoje faz um ano que Márcio Thomaz Bastos deixou o Ministério da Justiça. Segundo ele, é o fim de sua quarentena para freqüentar a Polícia Federal. "Meu jejum acabou. Senão não posso advogar", diz o criminalista.

RSVP. O presidente da CPI das ONGs, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), preparou requerimento para convidar o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) a prestar depoimento sobre as fraudes no Conselho Nacional de Assistência Social descobertas na Operação Fariseu, da Polícia Federal.

Limite. O prazo de validade da CPI expira em 12 de maio. Colombo afirma que só pedirá prorrogação se os governistas permitirem quebras de sigilos. Do contrário, "não tem mais nenhum sentido continuar com uma comissão que não pode investigar".

Tiroteio

Depois da CPMF, a oposição ficou arrogante e achou que poderia ganhar sempre, mas o natural é que a minoria perca. Seria bom aprender a se conformar com isso.


Do senador RENATO CASAGRANDE (PSB-ES), sobre o piti demo-tucano depois da sessão em que foi aprovada a MP da TV Pública.

Contraponto

O impensável

Durante reunião do diretório paranaense do PT, duas semanas atrás, conversava-se sobre o momento vivido pelo governo Lula, que combina resultados positivos na economia com elevada aprovação ao presidente. Para ilustrar o tema, um dos participantes, Helio Marques, contou história de recente visita que fizera à cidade de Colorado, no norte do Estado. Ali encontrara um militante petista conhecido como João Três Pernas, lulista incondicional.
Ao rasgar elogios ao presidente, João quis dar a Marques a real medida de seu entusiasmo:
-Olha, eu faria qualquer coisa que o Lula me pedisse. Até votar no Fernando Henrique!


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