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Com o apoio do PT, PSDB elege comando da Assembleia de SP
Barroz Munhoz, então líder do governo Serra, é escolhido presidente por quase unanimidade dos 94 deputados
PT faz acordo em troca de mudança no regimento que permita reivindicações da oposição, como audiências antes de votar o Orçamento
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma sessão sem surpresas, os deputados elegeram ontem Barros Munhoz (PSDB)
presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo até 2011.
Eleito por quase unanimidade
-apenas os dois deputados do
PSOL não votaram em Munhoz-, o novo presidente teve
o inusitado apoio da bancada
do PT, em um acordo feito nas
últimas semanas.
Líder do governo até ontem,
Munhoz tinha o apoio do governador tucano José Serra,
que tem ampla maioria na Casa
e manteve sua influência com a
nova Mesa Diretora. O deputado Vaz de Lima (PSDB), presidente até ontem, se tornou líder do governo.
O PT, que tem 20 deputados
dos 94, aceitou apoiar o candidato do governo em troca de
um compromisso, assinado por
Munhoz, de modificar o regimento para permitir uma série
de reivindicações da oposição.
Entre os pontos mais delicados
estão a realização de audiências
públicas antes da aprovação do
Orçamento e a votação de projetos dos deputados mesmo
sem acordo das lideranças. Rui
Falcão, que assumirá a liderança da bancada do PT amanhã,
enfatizou, no momento em que
proferiu seu voto, o compromisso assinado por Munhoz de
realizar audiências públicas em
todo o Estado para "democratizar" as decisões da Casa.
Mesmo assim, um dos maiores problemas da oposição -a
impossibilidade de aprovar
CPIs contra o governo- não
sofrerá alterações com a nova
presidência.
O PT ficou ainda com a primeira-secretaria, cargo que já
ocupava, e que passa a ser exercida pelo deputado Carlinhos
Almeida (PT). O cargo é considerado o segundo mais importante da Mesa Diretora.
Costuras políticas
O acordo com o PT interessava ao PSDB para evitar um revés na eleição, como ocorrido
no governo anterior, em que
parte da base do governo se
aliou ao PT para derrotar o candidato governista.
Para ser eleito, Munhoz teve
de vencer resistências dentro
de seu próprio partido. O presidente, que já foi muito ligado ao
ex-governador Orestes Quércia
(PMDB) -presente na votação- e com quem mantém proximidade, tinha opositores
dentro do tucanato. Hoje ele
tem a confiança de Serra. Esse
foi o motivo que levou deputados da base a se oporem ao nome, por receio de que Serra aumentasse seu poder, engessando ainda mais o Legislativo.
O candidato natural à presidência dentro do PSDB era Celino Cardoso, mais ligado ao ex-governador e atual secretário
tucano Geraldo Alckmin. Cardoso acabou abrindo mão da
candidatura em nome de Barros Munhoz.
No discurso de posse, Munhoz citou o "gesto digno do
PT", de acatar o princípio da
proporcionalidade -que dá o
direito à maior bancada de indicar o presidente-, em prol da
governabilidade. Ele prometeu
se empenhar para "resgatar a
dignidade do Parlamento e da
atividade política".
O PSOL lançou a candidatura
independente do deputado
Carlos Giannazi, que denunciou o acordo feito entre a base
do governo e o PT.
Além de Quércia, estavam
presentes na sessão o secretário Aloysio Nunes Ferreira (Casa Civil) e a vice-prefeita Alda
Marco Antônio (PMDB). Além
do PT e do PSOL, que somam
22 votos, a oposição conta ainda com o apoio do deputado
Olímpio Gomes (PV).
A primeira vice-presidência
ficou com o PTB e a segunda
com o PPS. O Democratas ficou
com a segunda-secretaria e o
PV, com a terceira.
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