São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Com o apoio do PT, PSDB elege comando da Assembleia de SP

Barroz Munhoz, então líder do governo Serra, é escolhido presidente por quase unanimidade dos 94 deputados

PT faz acordo em troca de mudança no regimento que permita reivindicações da oposição, como audiências antes de votar o Orçamento


ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma sessão sem surpresas, os deputados elegeram ontem Barros Munhoz (PSDB) presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo até 2011. Eleito por quase unanimidade -apenas os dois deputados do PSOL não votaram em Munhoz-, o novo presidente teve o inusitado apoio da bancada do PT, em um acordo feito nas últimas semanas.
Líder do governo até ontem, Munhoz tinha o apoio do governador tucano José Serra, que tem ampla maioria na Casa e manteve sua influência com a nova Mesa Diretora. O deputado Vaz de Lima (PSDB), presidente até ontem, se tornou líder do governo.
O PT, que tem 20 deputados dos 94, aceitou apoiar o candidato do governo em troca de um compromisso, assinado por Munhoz, de modificar o regimento para permitir uma série de reivindicações da oposição. Entre os pontos mais delicados estão a realização de audiências públicas antes da aprovação do Orçamento e a votação de projetos dos deputados mesmo sem acordo das lideranças. Rui Falcão, que assumirá a liderança da bancada do PT amanhã, enfatizou, no momento em que proferiu seu voto, o compromisso assinado por Munhoz de realizar audiências públicas em todo o Estado para "democratizar" as decisões da Casa.
Mesmo assim, um dos maiores problemas da oposição -a impossibilidade de aprovar CPIs contra o governo- não sofrerá alterações com a nova presidência.
O PT ficou ainda com a primeira-secretaria, cargo que já ocupava, e que passa a ser exercida pelo deputado Carlinhos Almeida (PT). O cargo é considerado o segundo mais importante da Mesa Diretora.

Costuras políticas
O acordo com o PT interessava ao PSDB para evitar um revés na eleição, como ocorrido no governo anterior, em que parte da base do governo se aliou ao PT para derrotar o candidato governista.
Para ser eleito, Munhoz teve de vencer resistências dentro de seu próprio partido. O presidente, que já foi muito ligado ao ex-governador Orestes Quércia (PMDB) -presente na votação- e com quem mantém proximidade, tinha opositores dentro do tucanato. Hoje ele tem a confiança de Serra. Esse foi o motivo que levou deputados da base a se oporem ao nome, por receio de que Serra aumentasse seu poder, engessando ainda mais o Legislativo.
O candidato natural à presidência dentro do PSDB era Celino Cardoso, mais ligado ao ex-governador e atual secretário tucano Geraldo Alckmin. Cardoso acabou abrindo mão da candidatura em nome de Barros Munhoz.
No discurso de posse, Munhoz citou o "gesto digno do PT", de acatar o princípio da proporcionalidade -que dá o direito à maior bancada de indicar o presidente-, em prol da governabilidade. Ele prometeu se empenhar para "resgatar a dignidade do Parlamento e da atividade política".
O PSOL lançou a candidatura independente do deputado Carlos Giannazi, que denunciou o acordo feito entre a base do governo e o PT.
Além de Quércia, estavam presentes na sessão o secretário Aloysio Nunes Ferreira (Casa Civil) e a vice-prefeita Alda Marco Antônio (PMDB). Além do PT e do PSOL, que somam 22 votos, a oposição conta ainda com o apoio do deputado Olímpio Gomes (PV).
A primeira vice-presidência ficou com o PTB e a segunda com o PPS. O Democratas ficou com a segunda-secretaria e o PV, com a terceira.


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