São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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Requião apóia ações dos sem-terra e diz que mídia sataniza movimento

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), foi aplaudido ontem cinco vezes durante discurso pró-MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) a 4.000 sem-terra que participam de encontro em Curitiba.
No final, tirou fotos e distribuiu autógrafos a participantes. "O MST é saúde, doente é a sociedade", disse o governador à platéia que movimentava bonés e bandeiras do movimento. Ele também se manifestou a favor das invasões de terra: "Ocupar um pedaço de terra para plantar: que horror, diz a direita. Ocupar um pedaço de terra para levantar às 5h da manhã [...] é o contrário da greve, é a greve pelo trabalho".
Disse que o movimento só não tem no governador do Paraná um militante devido às limitações do cargo: "Mas quero que me considerem um companheiro, aquele que na mesa reparte o pão [...] e não vai ser o fato de haver eleição [neste ano], o peso da lei e a pressão da mídia que me farão desertar de meus ideais e convicções".
Requião se disse "emocionado" por falar à platéia dos sem-terra. "O MST é uma demonstração clara da saúde social do Brasil, e a passividade, a frouxidão e o conformismo não agüentam a saúde", disse, ao criticar as reações da sociedade à onda de invasões. "Considero esse movimento uma bênção de Deus para o Brasil."
Ele anunciou que pretende promover no Paraná um festival de música pela reforma agrária, como forma de "acabar com a visão satânica" que diz que a mídia tem adotado em relação às ações do MST. Para o governador, a cobertura "só divulga os confrontos e as catástrofes". E para contrapor a "satanização", disse que coloca a TV e a rádio do governo estadual "à disposição da exibição dos bons projetos" do movimento.
Desde que assumiu o governo, Requião tem sido um aliado do MST. O coordenador do movimento João Pedro Stedile confirma isso. Neste mês, só uma área foi invadida no Estado e em seguida desocupada. Em 2003, o governador não destacou força policial para conter a invasão dos pedágios de rodovias pelos sem-terra.


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