|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOMBRA NO PLANALTO
Carlos Martins agora diz que procuradores distorceram suas declarações; Cachoeira depõe em Brasília
Dono de bingo recua e isenta Waldomiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Em depoimento à Polícia Federal no Rio, no último dia 13, o dono de bingos Carlos Martins negou declarações feitas ao Ministério Público Federal em Brasília, e
posteriormente confirmadas à
própria PF, nas quais relatava suposta atuação criminosa de Waldomiro Diniz com o intuito de
"subir os percentuais pagos a título de propina" pelos empresários
do jogo fluminense no período
em que presidiu a Loterj.
Diante do delegado da PF Herbert Mesquita, Martins "asseverou que nunca mencionou nenhum fato ilícito a respeito do recebimento de propina por parte
de Waldomiro Diniz, nunca tendo usado o termo "propina", nunca tendo participado ou assistido
a tais supostos atos".
Martins chamou de "inverídicas" muitas das afirmações registradas no depoimento que prestou, em 7 de fevereiro, ao subprocurador-geral José Roberto Santoro e aos procuradores Marcelo
Serra Azul e Mário Lúcio de Avelar. Disse que "se sentiu pressionado a prestar o depoimento" e
que, depois de ouvido, Serra Azul
teria "mexido no texto" das declarações colhidas enquanto ele "foi
tomar um café com Santoro".
"É muito estranho que ele venha a negar agora tudo que disse",
disse Mesquita, que preside o inquérito instaurado em fevereiro
por conta da fita de vídeo na qual
Waldomiro foi flagrado, em 2002,
quando presidia a Loterj, negociando propina e doações eleitorais com o empresário Carlos Cachoeira: "Perguntamos por que,
então, ele tinha assinado [declarações "inverídicas']. Ele respondeu
que assinou sem ler. Não sabemos
até que ponto isso é uma estratégia de defesa. Precisamos analisar
tudo com muito cuidado", disse.
Santoro disse que não poderia
se pronunciar por se tratar de um
caso conduzido pelo Ministério
Público Federal no Rio. Segundo
Serra Azul, "o depoimento transcorreu na maior normalidade. Ele
[Martins] foi convocado e avisado
de que, se não comparecesse, seria intimado coercivamente nos
termos da lei. Quanto a não ter lido, a praxe é o depoente ler e confirmar suas declarações". Segundo Avelar, "não houve nenhuma
pressão. O depoimento foi colhido na forma da lei. Qualquer dita
além disso é diversionismo".
Comentando ontem os desmentidos, Martins disse: "Não
mudei nada. Só coloquei algumas
coisas nos seus devidos lugares".
Carlos Cachoeira
Ontem, o empresário Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, confirmou que vai participar de acareação com Waldomiro Diniz na CPI da Assembléia
Legislativa do Rio de Janeiro.
Cachoeira foi ouvido pela PF em
Brasília em sindicância sobre a
conduta do delegado Giácomo
Santoro, que, em 12 de fevereiro,
participou de reunião com Cachoeira e José Roberto Santoro.
Cachoeira confirmou que o delegado participou do encontro, mas
não chegaram a conversar. Ele negou ter sido o autor da gravação
da conversa com Santoro. "Ele
não gravou a fita", disse o advogado Raimundo Hermes Barbosa.
Já Waldomiro Diniz depôs ontem ao Ministério Público do Rio,
no qual negou a existência de
fraude no pagamento de publicidade da Loterj, afirmando que,
para isso, "toda a contabilidade
teria que ser alterada". A Promotoria investiga supostos desvios
no pagamento de outdoors durante sua gestão.
(ANDRÉA MICHAEL, FERNANDO RODRIGUES, FABIANA
CIMIERI e VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
Texto Anterior: MST gaúcho queima boneco de Rossetto Próximo Texto: Retórica oficial: Dirceu diz que a desigualdade invalida governo Índice
|