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RETÓRICA OFICIAL
Dirceu diz que a desigualdade invalida governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Casa Civil, José
Dirceu, afirmou ontem, durante
evento no Itamaraty, que não vale
a pena governar sem reduzir as
diferenças sociais. Disse ainda
que a política econômica "não terá fim ético se não diminuir as desigualdades sociais e regionais".
As declarações foram feitas por
Dirceu ao propor a criação de um
observatório latino-americano do
sistema público de avaliação, com
o apoio do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
O ministro esteve na abertura
do Seminário Latino-Americano
para o Fortalecimento da Função
Avaliação de Políticas Sociais,
promovido pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada),
ligado ao Ministério do Planejamento. O evento termina hoje.
Dirceu também voltou a defender a integração da América Latina, ressaltando temas ligados à
área social. Destacou que o Brasil
vem demonstrando determinação de ampliar a integração.
"Estamos, vamos e podemos
avançar cada vez mais a política
social, apesar das restrições orçamentárias e das dificuldades econômicas de cada país. Sem reduzir profunda e radicalmente as diferenças sociais, não vale a pena
governar", disse, no discurso.
E completou: "A política econômica não terá fim ético se não diminuir as desigualdades sociais e
regionais, se o desenvolvimento
não for partilhado, se não vier
com justiça social. O crescimento
econômico por si só não torna nenhum país mais forte. Pelo contrário, corrói todos os fundamentos morais de uma nação".
O crescimento econômico é
também tema constante nos discursos do presidente Lula, principalmente ao defender a política
adotada pelo governo na área.
"Controle duplo"
Para Dirceu, os recursos investidos em projetos sociais precisam ser aplicados sob o que chamou de "controle duplo" -popular e institucional. "Nossos governos e Estados têm a obrigação
de gastar melhor e com mais eficiência", disse.
Para ele, a participação da sociedade é determinante para que as
avaliações sejam verdadeiras.
Dirceu lembrou a unificação dos
programas sociais no Bolsa-Família e disse que a medida trará
ganho no controle dos gastos.
O ministro afirmou ainda que a
participação dos Estados é importante para o andamento das políticas sociais. "A descentralização
é condição para o sucesso de
qualquer programa."
Além de Dirceu, participaram
do evento o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, o presidente do Ipea, Glauco
Arbix, e o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores,
Samuel Pinheiro Guimarães,
além de ministros e representantes de outros cinco países.
Para Arbix, um sistema de avaliação pode garantir um salto de
qualidade para as políticas públicas na América Latina, por isso a
importância da criação do observatório proposto por Dirceu. "Há
consenso de que se gasta mal [na
área social]. É possível melhorar o
que fazemos e, em um período de
escassez, isso é fundamental",
afirmou.
(LUCIANA CONSTANTINO)
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