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Peemedebista
cogita deixar
governo Lula
ROGÉRIO GENTILE
EDITOR-ADJUNTO DE BRASIL
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Previdência,
Amir Lando, ameaçou pedir demissão em desabafo anteontem
com senadores do PMDB. Lando,
que é senador pelo PMDB de
Rondônia, queixou-se aos colegas
da falta de poder para nomear
aliados no seu próprio ministério
e de não ter suas opiniões levadas
em conta pela cúpula do governo.
"No fundo, ele disse que era um
meio ministro", resumiu ontem,
em conversa reservada com a Folha, um dos seus interlocutores.
O principal exemplo da falta de
força de Lando, segundo seus
aliados, foi o veto do Planalto à indicação do ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) para presidente do INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social).
No desabafo, Lando reclamou
ainda da falta de acesso ao presidente Lula e falou que há confusão entre os ministros José Dirceu
(Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) para bater o
martelo na hora das nomeações.
Há duas semanas, Lula determinou o afastamento de Dirceu da
articulação política, a fim de liberar espaço para Aldo e forçar o
ministro da Casa Civil a se dedicar
ao gerenciamento do governo.
O problema é que o PMDB ressente-se do contato político com
Dirceu, que fez todas as negociações da reforma ministerial de janeiro para definir os espaços da
sigla na administração.
O ministro da Previdência, nesse contexto, demonstrou vontade
de pedir demissão, mas colegas o
aconselharam a aguardar o jantar
de à noite entre Lula e a direção
do partido.
O encontro foi marcado pelo
Planalto justamente para tentar
apaziguar o PMDB. Até o fechamento desta edição, o jantar
-que ocorreu no Palácio da Alvorada- não havia terminado.
Os ministros Dirceu e Aldo chegaram juntos.
Fatura de líder
A insatisfação de Lando agrava
a relação do governo com o
PMDB por surgir no momento
em que o partido boicota votações no Senado e cobra cargos e
emendas parlamentares.
O partido, que tem a maior bancada do Senado (22 senadores),
foi fundamental na operação para
abafar a CPI do caso Waldomiro e
é importante para a governabilidade no Congresso.
Agora, cobra as faturas, entre
elas a do cumprimento de acordo
para que o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL),
substitua o presidente da Casa,
José Sarney (PMDB-AP), no próximo ano.
Ontem, Renan condicionou a
permanência do partido na base
aliada a mudanças no tratamento
político recebido do Planalto. "O
PMDB tem 14 ex-governadores, 3
ex-ministros e 1 ex-presidente da
República. Não dá para o governo
manter o PMDB na base apenas
pela ocupação de cargos", disse.
Em nome de sua bancada, Renan pretendia dizer a Lula ontem
que o partido quer ter um papel
mais decisivo no governo. "O
PMDB precisa dividir responsabilidades, vestir a camisa. Queremos discutir teses, idéias e participar das decisões", disse.
Colaborou RAQUEL ULHÔA, da Sucursal
de Brasília
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