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ELEIÇÕES 2006
PT paga dívida ao criar cargos, diz professor
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT, ao acelerar a criação de
cargos públicos federais e investir
contra a terceirização, está pagando uma dívida com uma de suas
tradicionais bases de apoio, o funcionalismo: "O PT tem uma ligação forte com o funcionalismo
público e está respondendo a isso", diz Adriano Biava, professor
da Faculdade de Economia e Administração da USP. "Mas é inegável que está se aproveitando de
uma tendência universal de reduzir o papel que as terceirizações tiveram nos anos 90", diz Biava.
Os anos FHC (1995-2002) marcaram o auge da terceirização. Foi
quando as metas de superávit primário passaram a integrar o cotidiano econômico de um país ávido por inspirar confiança externa.
Para cortar custos, a ordem era
terceirizar. "A terceirização era
uma panacéia nos anos 90. No
serviço público, houve um exagero", diz Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília.
Não há dados precisos sobre o
quanto FHC terceirizou. Estimativas do governo dão conta de 30
mil cargos, pouco menos de 5%
da máquina. "Ao longo de quase
15 anos, do governo Collor ao
FHC, ocorreu na administração
federal uma redução do número
dos funcionários. Nem reposição
de quadros havia", diz Piscitelli.
Segundo Biava, Lula está aceitando um custo financeiro maior
no curto prazo, mas apostando
em um ganho ao longo do tempo:
"A terceirização proporcionou alguma economia, mas no longo
prazo debilitou muito o Estado".
A criação de mais de 37 mil cargos é tecnicamente correta? Para
Raul Velloso, especialista em contas públicas, o modo como a máquina cresce está equivocado:
"Essas contratações se concentraram no nível intermediário, não
tão necessário para a máquina.
Há muita gente sobrando com essa qualificação em muitos órgãos,
que poderiam ser remanejados".
Tais funcionários (secretárias, telefonistas etc.) ganham mais no
setor público que no privado.
Mesmo com a maioria dos cargos sendo concursados, houve
aumento expressivo nos de livre
provimento: 2.268 ou 11,3% a
mais do que Lula encontrou.
"Quando os tucanos saíram, havia 19 mil cargos de confiança. Lula, em vez de reduzi-los, aumentou, o que transforma o serviço
público em uma ação entre amigos", diz Piscitelli.
(FZ)
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