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Governo busca atrair tucanos para impedir investigação no Senado
PSDB negocia com Planalto "saída honrosa" para abandonar proposta de CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo se articula para
tentar barrar a investigação do
caos aéreo no Senado, onde
possui uma base de apoio muito mais frágil. O Planalto e o
oposicionista PSDB buscavam
ontem uma "saída honrosa" para abortar a criação da CPI entre os senadores.
No Senado, DEM (ex-PFL) e
PSDB já têm as assinaturas mínimas (27) necessárias para
instalar a comissão. A Folha
apurou que os tucanos do Congresso estão fechados com a
proposta governista de CPI só
na Câmara, mas não aceitam
abandonar a proposta da comissão no Senado de forma desonrosa, ou seja, com a impressão de compactuar com uma
"operação abafa".
Uma das possibilidades de
"saída honrosa" estudadas é a
de os líderes do PSDB e do
DEM na Câmara reivindicarem publicamente a CPI, afirmando que têm a primazia do
pedido. "Não tem lógica ter
duas CPIs com o mesmo objeto", já dizia na sexta-feira o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP).
De acordo com tucanos, as
assinaturas do Senado poderiam ficar em suspenso, como
uma ameaça ao governo caso
haja atropelo à oposição em
uma comissão na Câmara.
O governo acredita que terá o
apoio do PSDB e trabalha para
agradar os tucanos em vários
pleitos. O presidente Lula, por
exemplo, já orientou seus ministros que comandam o PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) a procurarem os
governadores tucanos para discutir a aplicação de recursos do
programa nos Estados.
O problema é o DEM, que resiste a abandonar a CPI do Senado. "Na CPI da Câmara teríamos 6 membros contra 16 do governo. O governo não vai
deixar a Câmara investigar. No
Senado, eles só têm três votos a
mais. É muito pouco inteligente querer uma CPI só na Câmara, a não ser que não se queira
investigar", afirmou o líder do
DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS). Ele descartou fazer
apelo contra a CPI do Senado.
Apesar disso, há integrante
do DEM com pensamento diverso. "Não é acordo, é questão
de ética. A Câmara propôs primeiro", afirmou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que
não vê motivos para duas CPIs,
se a da Câmara "funcionar".
(RANIER BRAGON, VALDO CRUZ E ANDREZA MATAIS)
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