São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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Governo busca atrair tucanos para impedir investigação no Senado

PSDB negocia com Planalto "saída honrosa" para abandonar proposta de CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo se articula para tentar barrar a investigação do caos aéreo no Senado, onde possui uma base de apoio muito mais frágil. O Planalto e o oposicionista PSDB buscavam ontem uma "saída honrosa" para abortar a criação da CPI entre os senadores.
No Senado, DEM (ex-PFL) e PSDB já têm as assinaturas mínimas (27) necessárias para instalar a comissão. A Folha apurou que os tucanos do Congresso estão fechados com a proposta governista de CPI só na Câmara, mas não aceitam abandonar a proposta da comissão no Senado de forma desonrosa, ou seja, com a impressão de compactuar com uma "operação abafa".
Uma das possibilidades de "saída honrosa" estudadas é a de os líderes do PSDB e do DEM na Câmara reivindicarem publicamente a CPI, afirmando que têm a primazia do pedido. "Não tem lógica ter duas CPIs com o mesmo objeto", já dizia na sexta-feira o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP).
De acordo com tucanos, as assinaturas do Senado poderiam ficar em suspenso, como uma ameaça ao governo caso haja atropelo à oposição em uma comissão na Câmara.
O governo acredita que terá o apoio do PSDB e trabalha para agradar os tucanos em vários pleitos. O presidente Lula, por exemplo, já orientou seus ministros que comandam o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) a procurarem os governadores tucanos para discutir a aplicação de recursos do programa nos Estados.
O problema é o DEM, que resiste a abandonar a CPI do Senado. "Na CPI da Câmara teríamos 6 membros contra 16 do governo. O governo não vai deixar a Câmara investigar. No Senado, eles só têm três votos a mais. É muito pouco inteligente querer uma CPI só na Câmara, a não ser que não se queira investigar", afirmou o líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS). Ele descartou fazer apelo contra a CPI do Senado.
Apesar disso, há integrante do DEM com pensamento diverso. "Não é acordo, é questão de ética. A Câmara propôs primeiro", afirmou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que não vê motivos para duas CPIs, se a da Câmara "funcionar".
(RANIER BRAGON, VALDO CRUZ E ANDREZA MATAIS)


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