São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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PF pára depoimento e analisa documentos

Estratégia mudou devido à falta de colaboração dos presos da Operação Hurricane, que dizem que só falarão em juízo

Policiais pretendem pedir que prisão temporária seja renovada e analisarão duas toneladas de documentos e arquivos de computador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal suspendeu ontem, por volta das 12h30, a coleta de depoimentos dos magistrados, bicheiros, policiais, empresários e advogados presos na última sexta-feira para se concentrar na análise dos documentos apreendidos na maior operação policial já realizada tendo com alvo o Poder Judiciário.
A investigação, que levou à prisão de 25 pessoas e ao cumprimento de 70 mandados de busca e apreensão, foi batizada pela PF de "Hurricane" (furacão, em inglês).
Desde a tarde de sábado, em Brasília, foram ouvidos 17 dos 25 presos, sob a acusação de praticar, entre outros, os crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, quadrilha e lavagem de dinheiro.
A suspensão dos depoimentos foi adotada principalmente como estratégia diante da pouca colaboração dos suspeitos. Eles argumentam que, como seus advogados não tiveram acesso ao processo que tramita no Supremo Tribunal Federal, não poderiam responder aos questionamentos feitos pelos policiais que os interrogavam.
Os presos dizem não saber de que são acusados. Em regra, têm usado o direito constitucional de ficar em silêncio e só devem prestar esclarecimentos em juízo, ou seja, quando eventualmente houver uma ação penal sobre o caso, e não só uma investigação policial.
A interrupção dos depoimentos também permitirá à PF redirecionar a missão dos cerca de dez policiais que estavam destacados para ouvir os presos, contra os quais o ministro do Supremo Cezar Peluso decretou prisão temporária, que tem a validade de cinco dias, renovável por igual período.
Os policiais vão trabalhar na análise de duas toneladas de documentos e arquivos de computadores apreendidos.
Correm contra o tempo, porque querem buscar informações que lhes permitam questionar os presos em depoimento e pedir a renovação da prisão temporária, que vence amanhã.
Os cerca de R$ 16 milhões em moeda nacional, estrangeira e cheques serão depositados, conforme ordem judicial, na Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro.
Jóias e objetos de arte, transportados para Brasília, serão submetidos à análise do Instituto Nacional de Criminalística, que vai elaborar um "Laudo Merceológico", no qual será definido o valor de mercado dos bens apreendidos.
Para o transporte do material do Rio de Janeiro, onde foi cumprida a maior parte dos mandados, rumo a Brasília, foram necessárias duas viagens do jato da PF.
O primeiro avião desembarcou na capital federal por volta das 13h25 deste domingo, trazendo 1.100 quilos de documentos, que serão analisados pela equipe da Diretoria de Inteligência da PF. O segundo avião chegou por volta das 19h.
Na manhã de ontem, partiram do Rio para Brasília quatro caminhões transportando os 51 veículos de luxo apreendidos. O mais valioso é um Mercedes avaliada em R$ 550 mil. A viagem deve durar quatro dias.


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