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PF pára depoimento e analisa documentos
Estratégia mudou devido à falta de colaboração dos presos da Operação Hurricane, que dizem que só falarão em juízo
Policiais pretendem pedir que prisão temporária seja renovada e analisarão duas toneladas de documentos e arquivos de computador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal suspendeu
ontem, por volta das 12h30, a
coleta de depoimentos dos magistrados, bicheiros, policiais,
empresários e advogados presos na última sexta-feira para
se concentrar na análise dos
documentos apreendidos na
maior operação policial já realizada tendo com alvo o Poder
Judiciário.
A investigação, que levou à
prisão de 25 pessoas e ao cumprimento de 70 mandados de
busca e apreensão, foi batizada
pela PF de "Hurricane" (furacão, em inglês).
Desde a tarde de sábado, em
Brasília, foram ouvidos 17 dos
25 presos, sob a acusação de
praticar, entre outros, os crimes de tráfico de influência,
corrupção passiva e ativa, quadrilha e lavagem de dinheiro.
A suspensão dos depoimentos foi adotada principalmente
como estratégia diante da pouca colaboração dos suspeitos.
Eles argumentam que, como
seus advogados não tiveram
acesso ao processo que tramita
no Supremo Tribunal Federal,
não poderiam responder aos
questionamentos feitos pelos
policiais que os interrogavam.
Os presos dizem não saber de
que são acusados. Em regra,
têm usado o direito constitucional de ficar em silêncio e só
devem prestar esclarecimentos
em juízo, ou seja, quando eventualmente houver uma ação
penal sobre o caso, e não só
uma investigação policial.
A interrupção dos depoimentos também permitirá à PF
redirecionar a missão dos cerca
de dez policiais que estavam
destacados para ouvir os presos, contra os quais o ministro
do Supremo Cezar Peluso decretou prisão temporária, que
tem a validade de cinco dias, renovável por igual período.
Os policiais vão trabalhar na
análise de duas toneladas de
documentos e arquivos de
computadores apreendidos.
Correm contra o tempo, porque querem buscar informações que lhes permitam questionar os presos em depoimento e pedir a renovação da prisão
temporária, que vence amanhã.
Os cerca de R$ 16 milhões em
moeda nacional, estrangeira e
cheques serão depositados,
conforme ordem judicial, na
Caixa Econômica Federal no
Rio de Janeiro.
Jóias e objetos de arte, transportados para Brasília, serão
submetidos à análise do Instituto Nacional de Criminalística, que vai elaborar um "Laudo
Merceológico", no qual será definido o valor de mercado dos
bens apreendidos.
Para o transporte do material
do Rio de Janeiro, onde foi
cumprida a maior parte dos
mandados, rumo a Brasília, foram necessárias duas viagens
do jato da PF.
O primeiro avião desembarcou na capital federal por volta
das 13h25 deste domingo, trazendo 1.100 quilos de documentos, que serão analisados
pela equipe da Diretoria de Inteligência da PF. O segundo
avião chegou por volta das 19h.
Na manhã de ontem, partiram do Rio para Brasília quatro
caminhões transportando os 51
veículos de luxo apreendidos. O
mais valioso é um Mercedes
avaliada em R$ 550 mil. A viagem deve durar quatro dias.
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