São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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Cortar recursos seria improdutivo, diz Cassel

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Confirmado no cargo duas semanas atrás, o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) afirma que vê com "preocupação" a atual onda de invasões de terra. Cassel diz, no entanto, que seria "mesquinho", "pouco inteligente" e "improdutivo" o governo federal bloquear o repasse de recursos aos movimentos, em uma tentativa de contê-los ou de puni-los por essas ações. (ES)  

FOLHA - Que avaliação o sr. faz da atual onda de invasões de terra?
GUILHERME CASSEL
- A gente sempre vê com preocupação e tenta acompanhar. Sou muito questionado sobre qual medida vou tomar quando ocorre uma ocupação de terra. Mas não tenho rigorosamente nenhuma atribuição policial ou jurídica para intervir nisso.

FOLHA - O sr., por exemplo, poderia dar uma declaração condenando as invasões.
CASSEL
- Essas coisas [declarações contrárias a invasões] não resolvem nada. Quando algum movimento ocupa uma sede do Incra, eu entro com um pedido de reintegração de posse. Existe o Poder Judiciário para tratar desses casos. Acho que é um erro naturalizar essas coisas, como sendo normal [uma onda de invasões] por ser o mês de abril. Não é normal. É melhor que não aconteça.

FOLHA - O que sr. acha de o MST agora focar suas críticas diretamente no presidente?
CASSEL
- Não gosto de falar sobre tática de movimento. Espero e tenho cobrado que a gente não vire as costas aos fatos e à realidade. Me incomoda quando as pessoas dizem que a reforma agrária não andou. Ela andou muito. E temos coisas e desafios a fazer.

FOLHA - Para conter as invasões de terra, o governo poderia vetar repasses de verbas para convênios de determinado movimento?
CASSEL
- Não gosto disso. Tem a instância do Poder Judiciário que tenho obrigação de respeitar. Eu não gosto de misturar isso [invasões] com temas como assistência técnica. Não faço repasse para movimento social. Existe convênio de assistência técnica com cooperativas, universidades, ONGs. Eu não quero atrapalhar a produção com questões que são externas à produção. Isso seria mesquinho, pouco inteligente e improdutivo.


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