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Cortar recursos seria improdutivo, diz Cassel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Confirmado no cargo duas
semanas atrás, o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) afirma que vê
com "preocupação" a atual onda de invasões de terra.
Cassel diz, no entanto, que
seria "mesquinho", "pouco inteligente" e "improdutivo" o
governo federal bloquear o repasse de recursos aos movimentos, em uma tentativa de
contê-los ou de puni-los por essas ações.
(ES)
FOLHA - Que avaliação o sr. faz da
atual onda de invasões de terra?
GUILHERME CASSEL - A gente sempre vê com preocupação e tenta
acompanhar. Sou muito questionado sobre qual medida vou
tomar quando ocorre uma ocupação de terra. Mas não tenho
rigorosamente nenhuma atribuição policial ou jurídica para
intervir nisso.
FOLHA - O sr., por exemplo, poderia dar uma declaração condenando
as invasões.
CASSEL - Essas coisas [declarações contrárias a invasões] não
resolvem nada. Quando algum
movimento ocupa uma sede do
Incra, eu entro com um pedido
de reintegração de posse. Existe o Poder Judiciário para tratar desses casos. Acho que é um
erro naturalizar essas coisas,
como sendo normal [uma onda
de invasões] por ser o mês de
abril. Não é normal. É melhor
que não aconteça.
FOLHA - O que sr. acha de o MST
agora focar suas críticas diretamente no presidente?
CASSEL - Não gosto de falar sobre tática de movimento. Espero e tenho cobrado que a gente
não vire as costas aos fatos e à
realidade. Me incomoda quando as pessoas dizem que a reforma agrária não andou. Ela
andou muito. E temos coisas e
desafios a fazer.
FOLHA - Para conter as invasões de
terra, o governo poderia vetar repasses de verbas para convênios de
determinado movimento?
CASSEL - Não gosto disso. Tem a
instância do Poder Judiciário
que tenho obrigação de respeitar. Eu não gosto de misturar
isso [invasões] com temas como assistência técnica. Não faço repasse para movimento social. Existe convênio de assistência técnica com cooperativas, universidades, ONGs. Eu
não quero atrapalhar a produção com questões que são externas à produção. Isso seria
mesquinho, pouco inteligente e
improdutivo.
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