São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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entrevista

"Lula está em dívida conosco", afirma Stedile

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Principal porta-voz e um dos diretores nacionais do MST, o economista João Pedro Stedile afirma que o governo Lula está em "dívida" com os sem-terra. Em entrevista à Folha, diz esperar que a gestão petista "recupere" alguns de seus compromissos históricos, realizando a reforma agrária e mudando o modelo de política econômica. (ES)  

FOLHA - Foi difícil para o MST, que ajudou a eleger e a reeleger o presidente, decidir que a partir de agora irá focá-lo diretamente no momento de cobrar o governo?
JOÃO PEDRO STEDILE
- Apoiamos a eleição e a reeleição do governo Lula como militantes sociais e cidadãos conscientes que querem impedir a consolidação do neoliberalismo. Nunca analisamos os processos políticos focados em pessoas e muito menos no presidente. Esperamos que o governo recupere seus compromissos históricos, reduza a influência da direita e das classes abastadas, mude a atual política econômica.

FOLHA - Por que, durante todo o primeiro mandato, o movimento poupou a figura do presidente e preferiu concentrar suas críticas na equipe econômica, por exemplo?
STEDILE
- Nossa posição em relação ao governo Lula sempre foi e continuará sendo a de atacar as forças conservadoras, que representam dentro do governo a manutenção do neoliberalismo. A composição do governo não reflete a vontade política do povo expressada nas urnas.

FOLHA - Em 2005, antes de uma marcha a Brasília, o sr. disse que o MST não era "louco" de romper com Lula. Hoje o sentimento é o mesmo?
STEDILE
- A questão não é romper ou não. O MST é um movimento autônomo, que luta por melhorias das condições de vida de sua base e por mudanças na economia e na política. Nossa avaliação do governo Lula não é questão de sentimento, é de realismo político. E é evidente que as forças conservadoras tem mais espaço agora do que antes.

FOLHA - O MST cobra uma audiência com o presidente. Para dizer e ouvir o quê?
STEDILE
- O presidente Lula está em dívida com o MST e com os camponeses. Seu governo não fez reforma agrária. Faremos a avaliação crítica do que não funcionou e o motivo.


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