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Base e oposição fazem acordo na CPI para "salvar" ministros
PT aceita abrir acesso a dados sigilosos; em troca, CPI do Senado será adiada
Reunião também definiu divisão da relatoria: duas ficarão com parlamentares da base aliada e duas, com representantes da oposição
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Senadora tucana Marisa Serrano, presidente da CPI dos Cartões
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Surpreendido por uma rebelião na base aliada e acuado
com a ameaça de ter de enfrentar uma nova CPI dos Cartões
Corporativos, esta só no Senado, o PT fechou ontem acordo
que assegurou à oposição acesso a parte dos dados sigilosos da
Presidência da República e que
ex-ministros do governo Fernando Henrique não serão convocados a depor se nada for encontrado contra eles.
Em troca, a oposição vai postergar a instalação da CPI do
Senado, que teria como foco o
governo Lula, e retirar da pauta
a votação de requerimentos
que obriguem os governistas a
se exporem votando contra.
A lista de requerimentos incluía a convocação do governador de São Paulo, José Serra
(PSDB), dos ex-ministros de
FHC Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), Paulo Renato (Educação) e Aloysio Nunes Ferreira (Casa Civil), além
da ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil), da filha do presidente Lula, Lurian Cordeiro da
Silva, e do ex-ministro José
Dirceu (Casa Civil). Pelo acordo, todos serão poupados.
"Não se convida ex-ministro
de um lado ou ministro de outro. Pode ser que a gente chegue a esse tipo de entendimento em função da possibilidade
de andamento dos trabalhos",
disse o líder do DEM, José
Agripino Maia (RN).
Em reunião entre a base e a
oposição, o deputado Paulo
Teixeira (PT-SP), coordenador
da base na CPI, deu a senha: "Se
é para ir para o enfrentamento,
temos o Serra para convocar".
O PT aceitou ainda dividir a
relatoria com quatro outros deputados, dois da oposição. As
mais importantes -de sistematização e fiscalização dos gastos- ficarão com a base aliada.
As de mecanismos de controle
e aprimoramento de fiscalização, mais propositivas, com deputados da oposição. Também
será pedido ao general Jorge
Félix (Gabinete da Segurança
Institucional) que defina caso a
caso o que é sigiloso.
Esse acerto irritou a líder do
PT no Senado, Ideli Salvatti
(SC), que só foi informada do
acordo depois de fechado. A
Folha apurou que, em reunião
com parlamentares da base na
CPI, a senadora disse que a divisão da relatoria enfraquece o
poder do relator, Luiz Sérgio
(PT-RJ), e já criou problemas
para o governo em outras CPIs.
Dados sigilosos
O acordo também prevê o
acesso da CPI a dados sigilosos
da Presidência que estão no
TCU (Tribunal de Contas da
União). Requerimentos nesse
sentido já foram rejeitados pela
base, que ontem mudou de posição depois de ter sido informada pela Casa Civil de que
não há nada de comprometedor. Além disso, o TCU teria
apenas 2,6% dos dados sigilosos da Presidência.
Os documentos referem-se a
datas específicas solicitadas pelos técnicos do tribunal do final
de 2002 até o início de 2003.
"Eles entregaram os anéis", disse a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).
O acordão foi costurado em
meio a reunião da CPI ontem,
sem a presença dos jornalistas.
Antes de fechar o acordão, o
PT contornou rebelião na base.
Os deputados Carlos Willian
(PTC-MG), João Magalhães
(PMDB-MG) e Marcelo Melo
(PMDB-GO) disseram que não
votariam com o governo.
A queixa é que deputados do
PT têm definido no Planalto,
com o ministro José Múcio
(Relações Institucionais) e o
chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, orientações da
CPI, não se expõem para defender o governo, e, depois que os
três fazem o serviço, vão ao Planalto "cantar vitória".
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