São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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Alunos da Unifesp se mobilizam contra reitor

Estudantes cobram explicação de Ulysses Fagundes Neto por uso de cartão com gastos pessoais e marcam assembléia para hoje

Representantes dos alunos também exigem devolução dos R$ 12 mil gastos por Fagundes Neto; invasão de reitoria não é descartada


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Surpreendidos com a revelação do uso do cartão corporativo pelo reitor Ulysses Fagundes Neto, 62, em gastos pessoais no exterior, estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) querem uma explicação para cada compra e ainda a devolução do dinheiro aos cofres públicos.
"Não somos radicais nem loucos, só achamos que, como estudantes, temos o direito de cobrar explicações e uma postura ética do nosso reitor", afirmou ontem o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes, Tiago Cherbo, 23.
Em viagens de trabalho no exterior, Fagundes Neto gastou R$ 12 mil do cartão com compras pessoais em lojas de eletrônicos, cerâmicas e malas.
"Vamos cobrar a reposição do dinheiro, mas essa não será a única medida", disse o estudante Mateus Lima, 20, coordenador do diretório.
Outras "medidas" serão discutidas hoje durante assembléia convocada pelo diretório com alunos dos cinco campi. Nenhuma hipótese está descartada, dizem, nem uma possível ocupação da reitoria nos moldes do que ocorreu na UnB (Universidade de Brasília).
"Foi maravilhoso o que aconteceu na UnB, mas não dá para comparar com a Unifesp, são contextos diferentes. Não queremos fazer nada impensado. Quando se faz uma ocupação, toda relação com a direção é cortada e sempre ocorrem punições. No campus de Guarulhos, abriram uma sindicância contra 40 alunos que protestaram. Temos de avaliar se é o desejo da base. Se for, nós faremos", disse Cherbo.
Na universidade, os alunos espalharam cartazes e distribuíram folhetos detalhando os gastos do reitor.
"Ficamos chateados porque sabemos que a infra-estrutura da Unifesp é muito precária, faltam até livros nas bibliotecas de alguns campi", afirmou Érika Alexandra, 22, estudante do segundo ano de fonoaudiologia.
Segundo Cherbo, os alunos entenderam que as explicações dadas pelo reitor não são convincentes -Fagundes Neto se limitou a dizer que foram viagens de trabalho e que o dinheiro era relativo a diárias.
"O cartão corporativo é para gastos pequenos e emergenciais. Não adianta ele vir com o mesmo discurso, que não aceitaremos, queremos que o reitor explique pontualmente cada gasto", afirmou Cherbo.
Criada em 1933 por um grupo de médicos, a EPM (Escola Paulista de Medicina) foi federalizada em 1956 e, em 1994, transformada em universidade federal, primeira especializada em saúde no país. Com cinco campi e cerca de 4.200 alunos, a Unifesp incluiu em sua grade cursos de humanas e exatas.


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