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Alunos da Unifesp se mobilizam contra reitor
Estudantes cobram explicação de Ulysses Fagundes Neto por uso de cartão com gastos pessoais e marcam assembléia para hoje
Representantes dos alunos também exigem devolução dos R$ 12 mil gastos por Fagundes Neto; invasão de reitoria não é descartada
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Surpreendidos com a revelação do uso do cartão corporativo pelo reitor Ulysses Fagundes Neto, 62, em gastos pessoais no exterior, estudantes da
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo) querem uma explicação para cada compra e
ainda a devolução do dinheiro
aos cofres públicos.
"Não somos radicais nem
loucos, só achamos que, como
estudantes, temos o direito de
cobrar explicações e uma postura ética do nosso reitor", afirmou ontem o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes, Tiago Cherbo, 23.
Em viagens de trabalho no
exterior, Fagundes Neto gastou
R$ 12 mil do cartão com compras pessoais em lojas de eletrônicos, cerâmicas e malas.
"Vamos cobrar a reposição
do dinheiro, mas essa não será a
única medida", disse o estudante Mateus Lima, 20, coordenador do diretório.
Outras "medidas" serão discutidas hoje durante assembléia convocada pelo diretório
com alunos dos cinco campi.
Nenhuma hipótese está descartada, dizem, nem uma possível ocupação da reitoria nos
moldes do que ocorreu na UnB
(Universidade de Brasília).
"Foi maravilhoso o que aconteceu na UnB, mas não dá para
comparar com a Unifesp, são
contextos diferentes. Não queremos fazer nada impensado.
Quando se faz uma ocupação,
toda relação com a direção é
cortada e sempre ocorrem punições. No campus de Guarulhos, abriram uma sindicância
contra 40 alunos que protestaram. Temos de avaliar se é o desejo da base. Se for, nós faremos", disse Cherbo.
Na universidade, os alunos
espalharam cartazes e distribuíram folhetos detalhando os
gastos do reitor.
"Ficamos chateados porque
sabemos que a infra-estrutura
da Unifesp é muito precária,
faltam até livros nas bibliotecas
de alguns campi", afirmou Érika Alexandra, 22, estudante do
segundo ano de fonoaudiologia.
Segundo Cherbo, os alunos
entenderam que as explicações
dadas pelo reitor não são convincentes -Fagundes Neto se
limitou a dizer que foram viagens de trabalho e que o dinheiro era relativo a diárias.
"O cartão corporativo é para
gastos pequenos e emergenciais. Não adianta ele vir com o
mesmo discurso, que não aceitaremos, queremos que o reitor
explique pontualmente cada
gasto", afirmou Cherbo.
Criada em 1933 por um grupo de médicos, a EPM (Escola
Paulista de Medicina) foi federalizada em 1956 e, em 1994,
transformada em universidade
federal, primeira especializada
em saúde no país. Com cinco
campi e cerca de 4.200 alunos,
a Unifesp incluiu em sua grade
cursos de humanas e exatas.
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