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SP não fará eleição na maior parte das prisões provisórias
Urnas só vão ser instaladas em unidades consideradas de baixo e médio risco
Presidente do TRE-SP, Walter de Almeida Guilherme, usou critérios do governo para explicar exclusão da maioria dos centros de detenção
FLÁVIO FERREIRA
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de um terço dos 35
CDPs (Centros de Detenção
Provisória) do Estado de São
Paulo poderá receber urnas para votação de presos provisórios nas eleições de outubro. A
partir de critérios definidos pela SAP (Secretaria Estadual da
Administração Penitenciária),
as seções eleitorais somente
deverão ser instaladas em unidades prisionais classificadas
como de baixo e médio risco.
Segundo fonte graduada da
SAP, a classificação de segurança dos presídios, neste caso, foi
definida exclusivamente de
acordo com as necessidades específicas decorrentes da votação dos presos provisórios. Entre elas, a integridade física dos
mesários, o dia de votação e a
geografia de cada unidade prisional. Segundo ela, um presídio geralmente conhecido como de alto risco pode, para efeitos eleitorais, apresentar baixo
risco -e vice-versa.
Determinada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no
início de março, a viabilização
da votação dos presos provisórios (detidos em caráter preventivo ou que ainda tenham
direito a recursos) provocou
preocupação entre juízes, promotores e até ministros do próprio TSE. Eles disseram temer
problemas de estrutura e segurança, além da possibilidade da
interferência de facções criminosas no pleito.
Segundo o presidente do
TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, desembargador Walter de Almeida Guilherme, a classificação da SAP
foi levada ao TSE para justificar
a exclusão das unidades consideradas de alto risco do pleito
-o critério deve tirar cerca de
35 mil presos provisórios do
processo de votação.
O desembargador afirmou
que SAP não detalhou ao TRE-SP os critérios de classificação
de risco das prisões, mas, além
da segurança de mesários e detentos, a questão da eventual
tentativa de atuação de facções
criminosas na votação "com
certeza foi discutida no âmbito
dos estabelecimentos penais e
da secretaria".
Os juízes eleitorais já iniciaram o alistamento dos presos
provisórios que queiram votar
em outubro. A estimativa do
TRE-SP é que até 15 mil pessoas detidas em instituições
penitenciárias que não são consideradas de alto risco possam
obter a autorização para participar do pleito.
"Esse número é razoável. Seria muito bom que todos [os
presos provisórios] pudessem
votar, mas não podemos ignorar o fator segurança. A expectativa é que a cada eleição um
número maior de pessoas possa votar e o risco seja menor",
disse ontem Guilherme.
O CDP de Bauru (329 Km de
São Paulo) é o que poderá receber o maior número de urnas
no Estado. Até o último dia 7,
estavam detidos na unidade
1.272 presos provisórios.
Até a semana passada, a previsão era que as urnas seriam
instaladas em dez CDPs, oito
penitenciárias, 14 Centros de
Ressocialização, dois presídios
para policiais e 96 unidades da
Fundação Casa (ex-Febem).
De acordo com a Constituição de 1988, só perdem o direito de participar das eleições as
pessoas condenadas em definitivo pela Justiça durante o período em que estiverem cumprindo as penas. Porém, na
maioria dos Estados do país os
TREs nunca haviam tomado
medidas para viabilizar a votação dos presos provisórios.
A Defensoria Pública de São
Paulo anunciou ontem a distribuição de cartilhas nas instituições penitenciárias sobre a votação dos detentos (leia texto
ao lado).
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