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Ciro critica PSB, que diz que ele está isolado
Deputado afirma que não entende o que seu partido quer dele e que vai insistir em candidatura à sucessão presidencial
Vice-presidente da legenda diz que "partido tem seu tempo'; PSB se reúne no dia 27 para decidir se apoiará Dilma ou se terá candidato
MÁRCIO FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a candidatura à Presidência sob risco, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE)
deu um ultimato ontem ao seu
próprio partido, afirmando não
conseguir entender o que o PSB
espera dele e dizendo que os rumos das eleições não podem ser
decididos por "seis pessoas fechadas e isoladas em gabinetes
de Brasília ou de São Paulo".
A resposta do PSB partiu do
vice-presidente da legenda, Roberto Amaral, que acusou Ciro
de ser "injusto" e ter se "isolado" nas últimas semanas.
"Acho que ele tem todo direito de insistir em sua candidatura, mas o partido tem seu tempo. Ele não tem conversado
muito conosco ultimamente,
ele tem se isolado e isso é uma
dificuldade", afirmou Amaral.
A Executiva Nacional do PSB
deve se reunir no dia 27 para
decidir se emplaca a candidatura do deputado ou se declara
apoio à pré-candidata do PT,
Dilma Rousseff.
Em um artigo publicado em
seu site com o título "A história
acabou?", Ciro afirma que não
vai desistir de entrar na disputa, mas que vai respeitar a decisão do partido -declaração que
tem repetido com frequência.
Em tom de desabafo, Ciro diz
que não pensou que passaria
por uma situação tão delicada
no processo eleitoral.
"Jamais imaginei, após trinta
anos de vida pública, viver uma
situação política como a em
que me encontro. (...) Não consigo entender o que quer de
mim o meu partido", disse.
O deputado questiona a estratégia dos governistas de lançar apenas uma candidatura da
base do presidente Lula, o que
para ele desqualificaria o processo eleitoral. "É fato notório
o mal que faz ao Brasil esta polarização amesquinhada, porém mutuamente conveniente,
entre o PT e o PSDB. É a imposição ao Brasil, por um preço
cada vez mais impagável, da
briga provinciana dos políticos
de São Paulo", afirmou.
Para Ciro, a pressão em torno
de uma candidatura única da
base deve ser imposta no segundo turno. "O que é o PSB?
Um ajuntamento como tantos
outros ou a expressão de um
pensar audacioso e idealista sobre o Brasil? Vai-se decidir isso
agora", escreveu.
Na tentativa de convencer
seu partido a apresentar sua
candidatura, Ciro sustenta que
o PSB tem mais a ganhar caso
decida lançar candidato próprio. "É óbvio que o partido só
tem a ganhar apresentando
uma candidatura. Os partidos
que disputaram cresceram. Os
que não disputaram definharam", afirmou.
A declaração é um recado às
lideranças do PSB que dizem
que a indefinição em relação a
Ciro é provocada pela incerteza
do impacto da candidatura própria nos Estados. "É claro que a
candidatura própria tem a vantagem de colocar o partido em
evidência. Agora, o problema é
que uma candidatura sem sustentação, sem apoio, corre o
risco de prejudicar os Estados",
disse Roberto Amaral.
O líder do PSB no Senado,
Renato Casagrande (ES), reforçou o discurso. "A situação do
PSB é complexa. Colocar a candidatura do Ciro, de fato, enriquece o processo eleitoral, promove o partido. Por outro lado,
se não conseguirmos construir
um leque de apoiadores, ficamos com pouco tempo de propaganda gratuita na televisão e
prejuízo nos Estados", afirmou.
Leia a íntegra do texto de
Ciro Gomes
www.folha.com.br/1010519
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