São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Ciro critica PSB, que diz que ele está isolado

Deputado afirma que não entende o que seu partido quer dele e que vai insistir em candidatura à sucessão presidencial

Vice-presidente da legenda diz que "partido tem seu tempo'; PSB se reúne no dia 27 para decidir se apoiará Dilma ou se terá candidato

MÁRCIO FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a candidatura à Presidência sob risco, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) deu um ultimato ontem ao seu próprio partido, afirmando não conseguir entender o que o PSB espera dele e dizendo que os rumos das eleições não podem ser decididos por "seis pessoas fechadas e isoladas em gabinetes de Brasília ou de São Paulo".
A resposta do PSB partiu do vice-presidente da legenda, Roberto Amaral, que acusou Ciro de ser "injusto" e ter se "isolado" nas últimas semanas. "Acho que ele tem todo direito de insistir em sua candidatura, mas o partido tem seu tempo. Ele não tem conversado muito conosco ultimamente, ele tem se isolado e isso é uma dificuldade", afirmou Amaral.
A Executiva Nacional do PSB deve se reunir no dia 27 para decidir se emplaca a candidatura do deputado ou se declara apoio à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff.
Em um artigo publicado em seu site com o título "A história acabou?", Ciro afirma que não vai desistir de entrar na disputa, mas que vai respeitar a decisão do partido -declaração que tem repetido com frequência.
Em tom de desabafo, Ciro diz que não pensou que passaria por uma situação tão delicada no processo eleitoral.
"Jamais imaginei, após trinta anos de vida pública, viver uma situação política como a em que me encontro. (...) Não consigo entender o que quer de mim o meu partido", disse.
O deputado questiona a estratégia dos governistas de lançar apenas uma candidatura da base do presidente Lula, o que para ele desqualificaria o processo eleitoral. "É fato notório o mal que faz ao Brasil esta polarização amesquinhada, porém mutuamente conveniente, entre o PT e o PSDB. É a imposição ao Brasil, por um preço cada vez mais impagável, da briga provinciana dos políticos de São Paulo", afirmou.
Para Ciro, a pressão em torno de uma candidatura única da base deve ser imposta no segundo turno. "O que é o PSB? Um ajuntamento como tantos outros ou a expressão de um pensar audacioso e idealista sobre o Brasil? Vai-se decidir isso agora", escreveu.
Na tentativa de convencer seu partido a apresentar sua candidatura, Ciro sustenta que o PSB tem mais a ganhar caso decida lançar candidato próprio. "É óbvio que o partido só tem a ganhar apresentando uma candidatura. Os partidos que disputaram cresceram. Os que não disputaram definharam", afirmou.
A declaração é um recado às lideranças do PSB que dizem que a indefinição em relação a Ciro é provocada pela incerteza do impacto da candidatura própria nos Estados. "É claro que a candidatura própria tem a vantagem de colocar o partido em evidência. Agora, o problema é que uma candidatura sem sustentação, sem apoio, corre o risco de prejudicar os Estados", disse Roberto Amaral.
O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), reforçou o discurso. "A situação do PSB é complexa. Colocar a candidatura do Ciro, de fato, enriquece o processo eleitoral, promove o partido. Por outro lado, se não conseguirmos construir um leque de apoiadores, ficamos com pouco tempo de propaganda gratuita na televisão e prejuízo nos Estados", afirmou.


Leia a íntegra do texto de Ciro Gomes
www.folha.com.br/1010519



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