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Para VBC, "não era grande negócio'
do Painel S/A
O consórcio VBC-Energia, formado pela Votorantim, Bradesco
e Camargo Corrêa, chegou à Bolsa
de Valores de São Paulo ontem para o leilão da Eletropaulo sabendo
que dificilmente participaria da
disputa, devido aos preços mínimos fixados nos editais.
Apesar de credenciado nos leilões de venda de 74,88% das ações
ordinárias da Eletropaulo Metropolitana e da Bandeirante, o VBC
não apresentou propostas em nenhum dos dois leilões.
Segundo a Folha apurou, o grupo considera o preço mínimo estabelecido para as empresas -R$
2,026 bilhões para a Metropolitana
e R$ 1,014 bilhão para a Bandeirante- acima do valor real das
distribuidoras.
Outra razão para a desistência
seria o volume total de passivos
das empresas, considerado alto.
De acordo com José Monforte,
presidente do VBC, juntas as duas
distribuidoras têm cerca de R$ 2,1
bilhões em passivos referentes
apenas ao fundo de pensão da Eletropaulo. "Haveria um retorno
baixo perto do risco", disse.
Mesmo convicto há dois meses
de que o negócio era "pouco
atraente", o grupo chegou a mobilizar corretores e a levar formulários de propostas de compra ao leilão. Descontente com as regras definidas para o processo, o consórcio esperava mudanças de última
hora que justificassem o investimento.
"Constatamos que seria difícil
tornar a Bandeirante viável. Muitas melhorias teriam de ser feitas
para justificar seu preço mínimo.
Mas a Metropolitana poderia ser
viável", declarou José Said de Brito, representante do VBC no leilão.
Entre as alterações cogitadas pelo consórcio, estavam a ampliação
dos prazos de pagamento do financiamento do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) de cinco para
oito ou dez anos e a revisão sobre o
impedimento de aumentos tarifários no setor durante um ano.
Esses "ajustes", na avaliação de
Brito, poderiam, inclusive, ter justificado o pagamento eventual de
ágio entre 5% e 10% na compra das
empresas.
No leilão de ontem, a Eletropaulo Metropolitana foi vendida pelo
preço mínimo e não houve lances
para a compra da Bandeirante.
"Com as condições apresentadas, estamos convictos de que não
seria um grande negócio. O que foi
pago demonstra isso", disse Brito.
O VBC, responsável pela compra
de 45,32% do lote de ações oferecido na privatização da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz),
não descarta a possibilidade de
participar de um novo leilão da
Bandeirante, desde que o processo
seja modificado.
(PATRICIA ZORZAN e
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA)
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