São Paulo, quinta, 16 de abril de 1998

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Para VBC, "não era grande negócio'

do Painel S/A

O consórcio VBC-Energia, formado pela Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa, chegou à Bolsa de Valores de São Paulo ontem para o leilão da Eletropaulo sabendo que dificilmente participaria da disputa, devido aos preços mínimos fixados nos editais.
Apesar de credenciado nos leilões de venda de 74,88% das ações ordinárias da Eletropaulo Metropolitana e da Bandeirante, o VBC não apresentou propostas em nenhum dos dois leilões.
Segundo a Folha apurou, o grupo considera o preço mínimo estabelecido para as empresas -R$ 2,026 bilhões para a Metropolitana e R$ 1,014 bilhão para a Bandeirante- acima do valor real das distribuidoras.
Outra razão para a desistência seria o volume total de passivos das empresas, considerado alto.
De acordo com José Monforte, presidente do VBC, juntas as duas distribuidoras têm cerca de R$ 2,1 bilhões em passivos referentes apenas ao fundo de pensão da Eletropaulo. "Haveria um retorno baixo perto do risco", disse.
Mesmo convicto há dois meses de que o negócio era "pouco atraente", o grupo chegou a mobilizar corretores e a levar formulários de propostas de compra ao leilão. Descontente com as regras definidas para o processo, o consórcio esperava mudanças de última hora que justificassem o investimento.
"Constatamos que seria difícil tornar a Bandeirante viável. Muitas melhorias teriam de ser feitas para justificar seu preço mínimo. Mas a Metropolitana poderia ser viável", declarou José Said de Brito, representante do VBC no leilão.
Entre as alterações cogitadas pelo consórcio, estavam a ampliação dos prazos de pagamento do financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de cinco para oito ou dez anos e a revisão sobre o impedimento de aumentos tarifários no setor durante um ano.
Esses "ajustes", na avaliação de Brito, poderiam, inclusive, ter justificado o pagamento eventual de ágio entre 5% e 10% na compra das empresas.
No leilão de ontem, a Eletropaulo Metropolitana foi vendida pelo preço mínimo e não houve lances para a compra da Bandeirante.
"Com as condições apresentadas, estamos convictos de que não seria um grande negócio. O que foi pago demonstra isso", disse Brito.
O VBC, responsável pela compra de 45,32% do lote de ações oferecido na privatização da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), não descarta a possibilidade de participar de um novo leilão da Bandeirante, desde que o processo seja modificado.
(PATRICIA ZORZAN e
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA)



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