São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 2002

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CAMPO MINADO

Testemunha reafirma que líder do MST era dono de espingarda

Motorista volta a incriminar Rainha

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO

Em depoimento ontem ao juiz Athis de Araújo Oliveira, de Teodoro Sampaio (São Paulo), o motorista José Luiz Silva Santos incriminou o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr., 41, pela posse ilegal de uma arma.
Rainha está preso desde 25 de abril por porte ilegal de uma espingarda CBC 12 de cano curto, de uso restrito. O líder dos sem-terra nega ser o dono da arma.
Entre seis testemunhas de acusação e quatro de defesa de Rainha, o depoimento em juízo de Santos, um ex-segurança de fazendeiros que se tornou amigo do sem-terra, era o mais esperado.
No primeiro depoimento depois de ser preso com Rainha, registrado em termo de ocorrência da Polícia Militar, Santos reivindicou para si a posse da espingarda.
Depois, em depoimento à Polícia Civil de Euclides da Cunha, disse ser Rainha o dono da arma. Disse também que Rainha usara o seu carro, por empréstimo, por toda a manhã de 25 de abril.
Ao receber o carro de volta, Santos teria notado a arma, e disse que Rainha teria afirmado que usava a espingarda "por medo de novos ataques". Em janeiro, Rainha levou um tiro nas costas ao sair de uma fazenda invadida.
Ontem, ao juiz, Santos reafirmou ser Rainha o dono da arma e disse que o carro não era seu, mas da cooperativa do MST em Teodoro Sampaio. Os advogados Hamiltom Belloto Henriques e Suzana Paim Figueiredo, que defenderam Rainha, saíram revoltados da sala do juiz.
Depois da audiência de ontem, Ministério Público e defesa podem arrolar novas testemunhas de fora da comarca e fazer as suas alegações finais antes da decisão do juiz. Segundo Suzana, o juiz foi parcial ao inquirir as testemunhas e mostrou intenção deliberada de incriminar Rainha.
O promotor Marcelo Crete disse que "tecnicamente, todo o processo é legal". Ele voltou ontem a dar parecer favorável à libertação de Rainha. O pedido foi negado pelo juiz.


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