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Dantas diz que governo pressionou ministro do STJ em favor de fundos
DA REPORTAGEM LOCAL
O controlador do Opportunity,
Daniel Dantas, disse à Folha ter
recebido informações de que o
governo pressionou o Judiciário
brasileiro para favorecer os fundos de pensão na briga pela telefônica Brasil Telecom.
"Informaram a mim que teria
havido uma intervenção do ministro Palocci [ex-ministro da Fazenda] junto ao ministro Edson
Vidigal [ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça] para dar
uma decisão favorável aos fundos
de pensão", disse Dantas em entrevista concedida no último sábado, por videoconferência. "Fui
conferir e ouvi de uma pessoa que
esteve com Palocci que o próprio
teria dito não ter sido ele diretamente, mas alguém ligado a ele
[que procurou Vidigal]."
Questionado sobre o tipo de
pressão que Palocci teria ordenado ou para qual fim ele teria tentado interferir nas sentenças, Dantas respondeu: "Não sei. Mas houve um pedido do governo".
A versão segue as declarações
feitas por advogados do banco em
Nova York. Em documento público, eles lembram que o STJ tem
21 ministros, mas que os litígios
entre o Opportunity e os fundos
costumavam ser julgados por Vidigal (o ex-ministro assinou pelo
menos três liminares favoráveis
aos fundos de pensão).
No texto, os defensores do Opportunity ressaltam que Vidigal
deixou o Judiciário e que concorre ao governo do Maranhão
-pelo PSB, com apoio do PT.
Em Nova York, o Opportunity
enfrenta batalha judicial contra o
Citigroup, que acusa o grupo de
chantagem, entre outros crimes.
Pede indenização de US$ 300 milhões por conduta irregular dos
brasileiros quando estiveram à
frente do fundo CVC/ Opportunity (1998 e 2003).
"Fizemos uma defesa do CVC
muito além do que qualquer um
faria. A atitude do Citi em relação
a isso [as denúncias contra o Opportunity] é de moleque", afirmou Dantas.
Questionado se o Planalto pediu
que não fizesse declarações contundentes sobre o caso Gamecorp, Dantas confirmou. Segundo
ele, o recado chegou por meio de
Yon Moreira, então diretor da
Brasil Telecom. Ele não soube dizer quem foi o emissário do governo. A empresa Gamecorp tem
entre os sócios um filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Telemar, operadora na qual o
Banco do Brasil e fundos de pensão ligados a estatais participam
do bloco de controle, comprou
parte da empresa por R$ 5 milhões. A Brasil Telecom, sob gestão do Opportunity, estudou a hipótese de adquirir a Gamecorp.
Ontem, a Telemar não quis comentar o assunto.
Dantas afirmou também que
não contratou investigadores para descobrir contas de autoridades brasileiras no exterior.
O controlador do Opportunity
disse ainda ter chegado a seus ouvidos que a cúpula da Telemar fez
acertos com o PT, ainda em 2002,
para ser favorecida pelo governo.
Como precaução, disse, um advogado do grupo mandou criptografar as informações e publicá-las nos classificados do jornal "O
Estado de Minas" em 22 de novembro de 2002. Os mesmos dados estariam selados e guardados
"em um lugar de Londres".
O que contém a criptografia?
"Só falarei, e em juízo, se os fatos
de lá forem confirmados. Em linhas gerais, é um plano para a tomada da Brasil Telecom e da Telemig que envolvia, inclusive, a nomeação de certas pessoas para o governo."
(JANAÍNA LEITE)
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