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Suspeitos tentaram barrar ação da PF
HUDSON CORRÊA
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
O empresário Darci José Vedoin, 60, acusado de liderar quadrilha de fraudes na compra de
ambulâncias, e o deputado Nilton
Capixaba (PTB-RO), segundo secretário da Câmara, tentam impedir juntos, desde dezembro de
2005, investigações da Operação
Sanguessuga, da Polícia Federal.
A informação foi dada ontem à
Folha pelo advogado Roberto Cavalcanti, que defende Vedoin,
preso desde o dia 4 em Cuiabá.
Cavalcanti diz que a investigação
só poderia ser feita com autorização do Supremo Tribunal Federal
por envolver congressistas.
O advogado diz que, após um
vazamento de informação sobre
as investigações, Vedoin entrou
(em 27 de dezembro) com uma
reclamação no STF alegando que
a PF não poderia investigar o caso
porque envolvia um deputado. O
sistema de acompanhamento de
processos no STF mostra que, em
19 de janeiro, Capixaba se manifestou na própria ação de Vedoin.
Pediu que fosse decretado o segredo de Justiça e declaradas nulas as decisões da 2ª Vara Federal
de Cuiabá. A vara autorizara a PF
a fazer escutas telefônicas de acusados de pertencer à quadrilha.
O STF ainda não julgou a ação
de Vedoin. Para investigar deputados, a PF precisa que a Procuradoria Geral da República envie
um pedido ao STF. Se o Supremo
abrir inquérito, os policiais começam as investigações. Por enquanto, não há essa autorização.
Gravações
O superintendente da PF em
Mato Grosso, Aldair da Rocha,
disse que congressistas não foram
investigados. A informação que
vazou estava em um relatório que,
por descuido da PF, segundo Cavalcanti, permaneceu em um dos
inquéritos abertos desde 2004 para investigar as supostas fraudes.
No documento, Capixaba era
citado como um dos congressistas mencionados nas gravações,
disse o advogado. Após saber disso, Vedoin entrou no STF.
Em conversa em 14 de dezembro, dias antes da ação no STF, a
PF relata que "Luiz Antônio [filho
de Vedoin e também preso] conversa com Chico [Francisco], assessor do deputado federal Nilton
Capixaba, que informa que foram
empenhados R$ 100.000 e que,
ainda hoje, seriam empenhados
mais R$ 300.000 para Canaã".
Em outro trecho a PF diz: "É
provável que estivesse se referindo à Associação Rural Canaã,
uma Oscip controlada por Capixaba e seus familiares".
Segundo o advogado de Francisco Machado Filho, que até ser
preso era assessor de Capixaba,
Filho admite ter lavado dinheiro
para Vedoin e fornecido a senha
do sistema para acompanhar
emendas, mas isentou Capixaba.
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