São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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Suspeitos tentaram barrar ação da PF

HUDSON CORRÊA
JOSÉ MASCHIO

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

O empresário Darci José Vedoin, 60, acusado de liderar quadrilha de fraudes na compra de ambulâncias, e o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), segundo secretário da Câmara, tentam impedir juntos, desde dezembro de 2005, investigações da Operação Sanguessuga, da Polícia Federal.
A informação foi dada ontem à Folha pelo advogado Roberto Cavalcanti, que defende Vedoin, preso desde o dia 4 em Cuiabá. Cavalcanti diz que a investigação só poderia ser feita com autorização do Supremo Tribunal Federal por envolver congressistas.
O advogado diz que, após um vazamento de informação sobre as investigações, Vedoin entrou (em 27 de dezembro) com uma reclamação no STF alegando que a PF não poderia investigar o caso porque envolvia um deputado. O sistema de acompanhamento de processos no STF mostra que, em 19 de janeiro, Capixaba se manifestou na própria ação de Vedoin.
Pediu que fosse decretado o segredo de Justiça e declaradas nulas as decisões da 2ª Vara Federal de Cuiabá. A vara autorizara a PF a fazer escutas telefônicas de acusados de pertencer à quadrilha.
O STF ainda não julgou a ação de Vedoin. Para investigar deputados, a PF precisa que a Procuradoria Geral da República envie um pedido ao STF. Se o Supremo abrir inquérito, os policiais começam as investigações. Por enquanto, não há essa autorização.

Gravações
O superintendente da PF em Mato Grosso, Aldair da Rocha, disse que congressistas não foram investigados. A informação que vazou estava em um relatório que, por descuido da PF, segundo Cavalcanti, permaneceu em um dos inquéritos abertos desde 2004 para investigar as supostas fraudes.
No documento, Capixaba era citado como um dos congressistas mencionados nas gravações, disse o advogado. Após saber disso, Vedoin entrou no STF.
Em conversa em 14 de dezembro, dias antes da ação no STF, a PF relata que "Luiz Antônio [filho de Vedoin e também preso] conversa com Chico [Francisco], assessor do deputado federal Nilton Capixaba, que informa que foram empenhados R$ 100.000 e que, ainda hoje, seriam empenhados mais R$ 300.000 para Canaã".
Em outro trecho a PF diz: "É provável que estivesse se referindo à Associação Rural Canaã, uma Oscip controlada por Capixaba e seus familiares".
Segundo o advogado de Francisco Machado Filho, que até ser preso era assessor de Capixaba, Filho admite ter lavado dinheiro para Vedoin e fornecido a senha do sistema para acompanhar emendas, mas isentou Capixaba.


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