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Procuradoria defende juízes notificados por corregedor
Magistrados foram chamados para esclarecer apoio a De Sanctis por prisão de Dantas
Para procuradora, juízes não violaram Lei Orgânica da Magistratura; decisão de corregedor foi suspensa após liminar de ministro do STJ
FREDERICO VASCONCELOS
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Procuradoria Regional da
República da 3ª Região (SP e
MS) divulgou em seu site manifesto de apoio aos 134 juízes federais que receberam notificação do desembargador André
Nabarrete Neto, corregedor geral da Justiça Federal da 3ª Região, para prestar esclarecimentos sobre manifesto de solidariedade ao juiz Fausto De
Sanctis de julho de 2008.
O abaixo-assinado do ano
passado foi feito após De Sanctis ter sido acusado de descumprir decisão do STF, ao determinar, pela segunda vez, a prisão do banqueiro Daniel Dantas, na Operação Satiagraha.
No expediente administrativo que originou as notificações,
está em análise uma suposta
violação ao artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura (Lomam), que proíbe os juízes de
expressarem "juízo depreciativo sobre despachos, votos ou
sentenças".
Por meio de liminar, o corregedor-geral da Justiça Federal,
ministro Hamilton Carvalhido,
suspendeu o expediente, após
requerimento da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do
Brasil). O caso agora será resolvido pelo Tribunal Regional
Federal da 3ª Região.
Até as 17h30 de ontem, o
"Manifesto do Ministério Público Federal" contava com 127
assinaturas de procuradores da
República de vários Estados.
"A independência de juízes e
juízas em todas as instâncias é
garantia da cidadania, da democracia e da República. O sistema de justiça não é independente se aqueles que o compõem não podem manifestar
seu entendimento com base na
livre convicção", afirma o manifesto da Procuradoria.
O documento dos procuradores foi colocado na rede às
22h de quinta-feira. A lista é
encabeçada pela procuradora-chefe da 3ª Região, Luiza Cristina Fonseca Frischeisen. Para
ela, a decisão de Nabarrete foi
"extemporânea" e a solidariedade dos juízes a De Sanctis
"em nenhum momento pode
ser caracterizada como uma insurreição e violação à Lei Orgânica da Magistratura".
Frischeisen diz que, no ato de
apoio a De Sanctis, além de juízes de primeira instância, havia
desembargadores e membros
do Ministério Público Federal.
"Assim como os juízes se manifestaram naquele momento
com o abaixo-assinado, entendemos que era importante,
agora, esse documento de apoio
dos procuradores."
A ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), entidade de classe dos
procuradores, também divulgou nota repudiando a medida
de Nabarrete. Segundo o texto,
"a argumentação de que o ato
[dos juízes] poderia classificar
violação à Loman é infundado e
demonstra falta de respeito para com a magistratura por parte
do desembargador".
Para Antonio Carlos Bigonha, presidente da entidade, o
ato do corregedor do TRF-3 é
uma "retaliação" e configura
uma "postura antidemocrática,
que atenta contra a liberdade
de expressão". "No momento
em que o Supremo Tribunal
Federal revoga a Lei de Imprensa, para permitir que todo
cidadão brasileiro possa se expressar, vem esse comportamento da corregedoria, que nos
preocupa muito", disse.
Nabarrete não se manifestou
sobre as críticas das entidades.
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