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CRISE NA BASE
Em reunião, deputados foram contidos para não agredir militante
Ciro diz que deixa governo
se PPS decidir sair da base
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As duas alas do PPS mediram
forças ontem em encontro nacional da sigla que, por pouco, não
resultou em agressões físicas.
Líder do grupo governista, o
ministro Ciro Gomes (Integração
Nacional) disse estar constrangido com as atitudes oposicionistas
do PPS e que segue o partido caso
haja uma decisão, desde que majoritária, de abandono da base
aliada do governo. "Se for uma
decisão da bancada, do seio do
partido, eu cumpro. O que eu não
vou engolir são pacotes prontos."
No final de sua fala, Ciro reconheceu ter perdido a camaradagem em relação ao presidente da
legenda e líder da ala oposicionista, deputado Roberto Freire (PE).
Realizado num hotel de Brasília,
o encontro foi fechado à imprensa, mas a porta de vidro entreaberta possibilitou o acompanhamento de trechos das discussões.
"Pela primeira vez desde Jango
[João Goulart, presidente entre
1961 e 1964], este país tem um governo de esquerda ao qual nós, lucidamente, decidimos apoiar. O
partido pode e deve manter sua
autonomia, mas não pode desconhecer as conseqüências práticas
de ser base de apoio, ter cargos,
ter um ministro", afirmou Ciro.
"Nós da direção nacional temos
que ser econômicos em nossas
decisões", acrescentou o ministro, que disse estar constrangido,
principalmente, com as inserções
televisivas do PPS, claramente
oposicionistas, e com o programa
nacional que vai ao ar amanhã.
Ciro reclamou que o teor do
programa, cujo foco será o desemprego e as supostas mazelas
decorrentes do atual modelo econômico, não foi debatido com todas as correntes da legenda. Nesse
momento, o ministro discutiu asperamente com o secretário-geral
do partido, Rubens Bueno, que
estava sentado ao lado de Freire.
Outro momento tenso ocorreu
quando o membro da Executiva
Nacional Luiz Carlos Azedo citou
as suspeitas de que o ex-assessor
da Presidência Waldomiro Diniz
-que deixou o governo após a
divulgação de vídeo de 2002 em
que pede propina a empresário de
jogos- teria atuado, antes do caso, pela eleição do líder do PPS na
Câmara, Júlio Delgado (MG).
Deputados presentes ao encontro partiram para cima do militante e tiveram que ser contidos.
Freire e a cúpula do partido defendem uma linha de oposição ao
governo Lula. Eles convocaram a
reunião para tentar enquadrar
Delgado, que atua em harmonia
com o Planalto. A posição de Freire, reafirmada ontem, levou-o a se
afastar de Ciro, com quem articulou a frente que apoiou em 2002 a
candidatura do hoje ministro.
No final da reunião, foi aprovada nota que representa um meio-termo entre as duas correntes. De
um lado, frisou-se que a liderança
do PPS no Congresso não poderá
orientar seus comandados em desacordo com determinação da direção do partido. Em compensação, essas determinações serão
discutidas com os congressistas.
(RANIER BRAGON)
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