São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Por aparelhos

Nem mesmo os poucos senadores ativos na formulação de alguma resposta aos novos escândalos acreditam que José Sarney (PMDB-AP) venha a ser apeado do comando da Casa. Não obstante a multiplicação de parentes pendurados no quadro de funcionários e outros embaraços nas costas do presidente, o caso dos atos secretos envolve gente (inclusive da oposição) o bastante para garantir sua permanência.
Quase todos apostam, porém, que a sobrevivência de Sarney no cargo se dará à custa de um alheamento ainda maior do cotidiano do Senado e de uma dependência cada vez mais explícita do esquema de poder gerenciado por Renan Calheiros (PMDB-AL).




Portas fechadas. Sarney se reuniu ontem com a diretora-adjunta do Senado, Doris Marize Romariz Peixoto. Ex-chefe de gabinete de Roseana, ela comanda a comissão de sindicância instalada para investigar os atos secretos.

Muita calma. Receoso de nova crise com o PMDB, Aloizio Mercadante (PT-SP) telefonou a Tião Viana (PT-AC) pedindo que o colega não faça nenhum movimento para pedir o afastamento de Sarney. Ouviu que o grupo de senadores com reunião marcada para amanhã não tem "interesse golpista", mas quer preservar a instituição. Viana foi derrotado por Sarney em fevereiro.

Ecológicas. Feitas de aço niquelado, as lixeiras recém-compradas pelo Senado separam resíduos úmidos de secos. Há quem diga que vai ter muito ato secreto indo parar nos modernos receptáculos.

Boletim médico. Mesmo se Arthur Virgílio (PSDB-AM) abrir mão da relatoria da CPI das ONGs, a instalação da CPI da Petrobras pode atrasar mais uma semana. O presidente da comissão das ONGs, Heráclito Fortes (DEM-PI), ainda está de repouso pós-cirúrgico. E cabe a ele destituir formalmente o tucano.

Espaçoso. A atuação de Ricardo Murad começa a causar desconforto entre aliados de Roseana no Maranhão. Cunhado da governadora e titular da pasta da Saúde, ele virou uma espécie de supersecretário, que palpita em tudo.

Duas canoas. Alguns dos petistas empenhados em inflar o balão da candidatura de Ciro Gomes ao governo de São Paulo dizem em privado que a ideia é lançar um nome do PT "e também" o deputado do PSB. Tudo no esforço para garantir um segundo turno contra o postulante do PSDB.

Vai indo... Apesar da pressão de aliados e de pesquisas que o apontam como capaz de enfrentar Eduardo Campos (PSB), Jarbas Vasconcelos (PMDB) insiste: não disputará o governo de Pernambuco. O senador alega não ter mais base no interior nem disposição para voltar ao cargo.

...que eu não vou. Jarbas tenta convencer o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, a aceitar a empreitada, de modo a oferecer um palanque para o candidato tucano à Presidência no Estado.

Série B. As sedes da Copa no Brasil já foram escolhidas, mas ainda tem gente no governo querendo faturar em cima do evento. O ministro do Turismo, Luiz Barretto, disse que Sergipe pode ser sub-sede do Mundial de 2014.

Visitas à Folha. Maria Helena Santana, presidente da Comissão de Valores Mobiliários, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebida em almoço. Estava com Otávio Yazbek, diretor da CVM, e Suzana Liskauskas, assessora de comunicação.
Clifford Sobel, embaixador dos EUA no Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Thomas White, cônsul-geral em SP, Orna Blum, adida de imprensa, Tula Orum, assessora do embaixador, e Juliana Siqueira, assessora de imprensa.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Quem sabe agora Márcio Thomaz Bastos aceite a realidade de que o mensalão existiu."

Do deputado ACM NETO (DEM-BA) sobre a afirmação do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, de que "ao menos parte do dinheiro" do mensalão veio dos cofres públicos; em depoimento no início do mês, o ex-ministro da Justiça disse que o esquema de pagamentos a deputados da base aliada não existiu.

Contraponto

Discurso perdido

Na noite de 20 de maio, quando a Câmara aprovou a emenda constitucional do "divórcio direto", eliminando o prazo de dois anos de separação para que ele se concretize, Virgílio Guimarães (PT-MG) divertiu os colegas de bancada com sua opinião peculiar a respeito do tema:
-Não gosto desta PEC. A antiga lei sempre me ajudou.
Os demais deputados na roda quiseram saber de que maneira, e Guimarães então explicou:
-É que eu só me separei judicialmente da minha primeira mulher. Para as outras três que eu tive depois dela, eu sempre podia dizer "olha, eu ainda não posso me casar formalmente, a lei não permite"...


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