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FINANÇAS
Acordo permite que municípios tenham capacidade de investir em ano eleitoral; maioria é governada pelo PSDB
Renegociação de dívida alivia prefeituras
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos 182 prefeituras conseguiram entrar neste ano eleitoral com dívidas menores para pagar e, portanto, com capacidade
de investimento maior. A melhora nas finanças só foi possível por
causa da renegociação de dívidas
feita pelo Tesouro Nacional.
A maior parte dessas prefeituras
-41- é do PSDB, embora o partido seja o terceiro em número de
prefeitos eleitos em 1996 para
5.400 prefeituras.
Os débitos renegociados pelos
182 municípios passam de R$ 16,3
bilhões, valor pouco superior à arrecadação mensal da Receita Federal. A renegociação se concentrou entre abril e maio deste ano
por causa da entrada em vigor da
Lei de Responsabilidade Fiscal,
que proíbe renegociação de dívida dentro do setor público. Nesses meses, 106 prefeituras assinaram seus contratos com a União.
Apesar de a nova lei ter entrado
em vigor no início de maio, a medida provisória 2.043, que trata da
renegociação, dava prazo até 15
de junho para que as prefeituras
acertassem seus contratos.
As portarias do Tesouro Nacional que determinam a emissão de
títulos públicos por causa da renegociação continuaram a ser publicadas após a vigência da lei.
Segundo o secretário-adjunto
do Tesouro, Renato Vilella, o prazo da medida provisória não é ilegal porque as renegociações foram aprovadas pelo Senado Federal antes de a lei vigorar.
A medida provisória 2.043 foi
modificada ao longo de suas reedições. No início, a medida foi desenhada para resolver a situação
de municípios que tinham dívidas
mobiliárias (em títulos) e contratuais. Depois, o governo permitiu
a renegociação de dívidas municipais com fundos criados pelos Estados. Mais tarde, foram incluídos
os débitos da administração indireta, como fundações, autarquias
e estatais municipais.
Sem contrapartida
Ao contrário da renegociação
feita com os Estados, na renegociação com municípios o Tesouro
não exigiu o cumprimento de metas fiscais como contrapartida para os empréstimos.
Segundo Vilella, isso seria inviável do ponto de vista operacional.
"Prefeituras têm um nível de endividamento menor." Ele disse
que a concentração das renegociações em Minas Gerais e São
Paulo (107 no total) se deve ao fato
de estes Estados terem um maior
desenvolvimento econômico e,
portanto, uma capacidade de endividamento mais ampla.
No caso de Santa Catarina, que
está em terceiro lugar em dívidas
municipais renegociadas, a explicação está na existência de um
fundo estadual que mantinha empréstimos para municípios.
Quanto às renegociações com
prefeituras do PSDB, Vilella disse
que a concentração nessas prefeituras "é pura coincidência".
O secretário disse que a situação
atual é melhor tanto para os municípios quanto para os credores.
"O Tesouro bloqueia o repasse
da parcela dos impostos federais
de municípios que deixam de pagar suas dívidas", afirmou.
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