São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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Taxa é superior àquela obtida pelo PPB (22%), mas é superada por índices do PMDB (37%) e do PFL (35%)

PSDB é de direita, dizem 31% dos eleitores

DA REDAÇÃO

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSDB do presidente Fernando Henrique Cardoso, que surgiu com a proposta de ser um partido social-democrata de centro-esquerda, é majoritariamente visto como de direita, segundo pesquisa Datafolha com 11.534 entrevistas em 296 municípios brasileiros de todas as unidades federativas.
A taxa dos que classificam o partido como de direita atinge 31%, sendo que 23% o definem como de esquerda e 11% como de centro. Assim também como para os demais partidos, é alto o índice dos que não sabem classificá-lo (35%).
O percentual dos que dizem que o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) é de direita é maior do que os que dizem o mesmo do PPB (Partido Progressista Brasileiro) -22%, cujas origens remontam à Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido de sustentação do regime militar (1964-1985). O PSDB surgiu de uma dissidência do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), este criado em 1980, tendo como base o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que aglutinava as correntes de oposição ao regime militar (veja quadro nesta página).
O PMDB é o que o tem a maior taxa de identificação como partido de direita (37%), superando o PFL (Partido da Frente Liberal), com 35%, criado em 1984 a partir de uma dissidência do PDS (Partido Democrático Social), que, por sua vez, havia sucedido a Arena como base de apoio político ao regime militar.
PC do B (Partido Comunista do Brasil) e PT (Partido dos Trabalhadores) são os mais identificados como de esquerda, o que é dito por 43% dos entrevistados para ambos. Em seguida, aparecem PDT (Partido Democrático Trabalhista) -de esquerda para 37%- e PPS (Partido Popular Socialista) e PSB (Partido Socialista Brasileiro) -os dois com taxas de 31%.
De dez partidos pesquisados, o PPS foi o que obteve a mais alta taxa de entrevistados (42%) que não souberam identificar sua posição política.
A maior parte dos entrevistados afirma que o PL (Partido Liberal) é de esquerda (29%), mas a soma dos que o classificam como de centro (10%) ou de direita (24%) atinge 34%, o que permite dizer que a imagem do partido é majoritariamente conservadora.

Congresso
Direita e esquerda não se confundem somente na cabeça do eleitor. No Congresso, por exemplo, são comuns alianças em questões pontuais entre partidos das duas correntes.
São frequentes acordos da esquerda (ou de parte dela) com partidos da base governista, majoritariamente identificados como de direita, para aprovação dos mais diferentes projetos.
"O Congresso é uma Casa ao mesmo tempo de disputa e de negociação. As alianças são da própria essência do Parlamento", diz o deputado José Genoino (SP), um dos principais articuladores da Câmara.
Genoino, que foi líder do PT duas vezes, diz que não tem críticas a respeito de nenhuma das alianças feitas pelo seu partido com o governo ou mesmo com a parte da direita mais extremada -como a chamada bancada ruralista.
Nesse caso, a aliança visava aprovar um desconto nas dívidas de ruralistas. O PT negociou regras diferentes para pequenos e grandes devedores, excluiu "caloteiros" e tentou impor parte do prejuízo aos bancos, mas o governo derrotou no voto a inusitada aliança de petistas com ruralistas.
Atualmente, há uma aliança de todos os partidos de esquerda com o PSDB para aprovar o projeto de lei do governo que proíbe a propaganda de cigarro em meios de comunicação.
Estão contra o projeto PPB, PTB e grande parte do PMDB e do PFL. O projeto deveria ter sido votado no fim de junho, com a expectativa de ser aprovado, mas a votação foi adiada pelo líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
Na votação do projeto que eliminou os juízes classistas, na Câmara, PT e PC do B se dividiram. O PT se aliou com o PSDB e o PFL para aprovar o projeto, que virou lei.
Na discussão do projeto que facilita a quebra do sigilo bancário e fiscal, PDT e PFL estão juntos contra PT, PSDB e PC do B. O projeto tramita na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
A proposta de emenda constitucional sobre a entrada de capital externo nas empresas jornalísticas enfrenta a oposição do PT, que está sozinho na defesa de uma agência reguladora para o setor.
Nesse caso, a oposição do PT está atrasando a votação na Câmara. O relator Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) só quer colocar a proposta em votação quando houver pelo menos 460 deputados no plenário. A proposta precisa de 308 votos favoráveis, e o PT tem 60 deputados.
No Senado, a proposta de emenda constitucional que determina investimentos na saúde, apresentada pelo governo, foi relatada por um senador de oposição -Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).
Esse caso, que é raro, deve-se ao fato de Valadares ter apresentado antes emenda semelhante, rejeitada no ano passado.
Um caso de aliança de todos os partidos de oposição e governistas da Câmara e do Senado ocorreu na discussão do projeto que criava o fundo contra a pobreza, apresentado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). O acordo foi rompido na reta final, entretanto, e a esquerda votou contra.
Houve também acordos rompidos pelo governo, como no caso da votação do salário mínimo. Governo, oposição e ACM haviam marcado a votação para 27 de abril, mas o líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSDB-AM), voltou atrás durante a sessão e a votação foi remarcada para 10 de maio -sob o protesto de ACM e do PT.
Na votação da reforma do Judiciário, o PT e o PSDB se aliaram em vários itens. Algumas vezes perderam, outras ganharam, como na votação da súmula vinculante, cuja abrangência ficou restrita a assuntos constitucionais.


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