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NA EUROPA
Presidente afirma que desafio dos partidos de esquerda é encontrar o caminho para retomar desenvolvimento
Sem crescimento, direita vencerá, diz Lula
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva cobrou de seus novos amigos, os governantes da "Terceira
Via", agora rebatizada de "Governança Progressista", que dêem
prioridade às políticas de desenvolvimento, sob pena de "a direita
ganhar" (as próximas eleições nos
países cujos líderes se reuniram
domingo e segunda-feira em Surrey, nas imediações de Londres).
Durante o almoço de anteontem no paradisíaco hotel Pennyhill, o presidente brasileiro disse
que estava preocupado porque a
maior parte da conversa no período da manhã havia sido sobre o
ajuste das economias, mas ninguém falara de desenvolvimento.
Desenvolvimento
Lula emendou: "O grande desafio para a esquerda, moderada ou
radical, é qual o caminho para retomar o desenvolvimento. Se não
tivermos esse caminho, a direita
ganha". Ouviram o presidente do
Brasil 14 governantes, entre eles líderes da social-democracia européia, como o alemão Gerhard
Schröeder, o anfitrião britânico
Tony Blair, e o sueco Goran Person, além dos sul-americanos
Néstor Kirchner (Argentina) e Ricardo Lagos (Chile).
Lagos, aliás, levantou-se da mesa, após a fala do brasileiro, para
cumprimentá-lo. Kirchner preferiu ao cumprimento uma fala
mais ou menos na mesma direção. Lamentou o fato de ter encontrado o seu país "desfeito" e
que tudo que estava podendo fazer era tentar reconstruí-lo.
Em seguida, criticou os que fazem reparos à medidas heterodoxas que vem tomando ou anunciando (como o controle dos capitais de curto prazo). "Esses mesmos críticos aplaudiram o que faziam aqueles que desmontaram a
Argentina", afirmou.
Seguridade
A queixa do presidente Lula tem
razão de ser, pelo que a Folha
conseguiu apurar: todo o debate
matutino da cúpula foi tomado
pela discussão das reformas, em
especial a da seguridade social, tema que está na agenda de quase
todos os países.
Na delegação brasileira, aliás, o
comentário é o de que, em vista
do que outros países estão propondo, caso em especial da Alemanha de Schröeder, a reforma
do PT é realmente "de esquerda",
por ser, na visão dos petistas, bem
menos agressiva para com os trabalhadores.
A explicação ouvida na cúpula é
a de que terminou o período de
prosperidade, "os 30 anos gloriosos", como um dos líderes afirmou, em alusão aos anos de ouro
da Europa, no pós-guerra ou mais
exatamente a partir de 1950.
O presidente brasileiro falou,
como tem sido constante, das dificuldades econômicas que encontrou e do protecionismo dos
países ricos.
Só no almoço, que fechou os
trabalhos da cúpula, é que o presidente brasileiro tocou no tema do
desenvolvimento.
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