São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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PAINEL

Porteira aberta
No entender de técnicos da Fazenda, o acordo que permitiu ao Rio sacar depósitos judiciais do Banco do Brasil abre precedente para outras demandas municipais. A próxima da fila poderá ser a Prefeitura de São Paulo.

Também quero
O truque foi usado pela primeira vez no governo FHC. Se a União podia sacar o dinheiro, os municípios teriam o mesmo direito, diziam os prefeitos. Os recursos, porém, não podem ser usados em obras ou pagamentos. Apenas para giro de caixa.

Olho vivo
No Rio, que tem dinheiro em caixa, Cesar Maia pode sacar e fazer giro com os cerca de R$ 300 mi que estima depositados no BB, referentes a tributos municipais. Em São Paulo, a situação seria diferente. Os tucanos estão com os sentidos em alerta.

Ligeira bondade
A Fazenda avalia que, pelos termos do acordo firmado para a Prefeitura do Rio, não há risco de que os municípios "avancem em aventuras", nas palavras de um técnico. As proteções fiscais estariam todas preservadas.

Fumaça branca
No início da noite, a Casa Civil convocava entidades representantes dos aposentados para apresentar a fórmula definida pelo governo para pagar a revisão dos benefícios de quem tem direito à correção da URV. São cerca de 1,8 milhão de pessoas.

Folha de arruda
Em privado, o pessoal da Aeronáutica não viu a menor graça no nome escolhido por Lula para batizar seu novo avião. Na Força, quando se fala em Santos Dumont, há quem bata três vezes na madeira mais próxima.

Fome Zero
Nazareno Fonteles (PI), o deputado petista que propôs estabelecer um limite de consumo para cada cidadão, almoçava anteontem na churrascaria mais cara de Brasília. Quem viu acha que o parlamentar gastou ali o equivalente à sua quota mensal.

Ensino básico
"Coletiva de Imprenssa" (sic), dizia o crachá distribuído aos jornalistas que participaram, em Brasília, da divulgação do IDH, revelador das mazelas nacionais em áreas como a educação.

Para breve
Na tentativa de incrementar a onda de boas notícias na área econômica, o Planalto corre para anunciar nos próximos dias a entrada em vigor do desconto de R$ 100 nas faixas de contribuição do Imposto de Renda.

Dose dupla
Em recurso ao STF, Lula tentou derrubar a liminar que impede a contratação de 30 cargos comissionados no Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Perdeu de novo.

Bola de cristal
Em conversa com jornalistas há cerca de 20 dias, o advogado de Sérgio Gomes da Silva comentou: "Não tiro férias porque de julho meu cliente não passa na prisão". O empresário, acusado de ter sido mandante da morte de Celso Daniel (PT), obteve habeas corpus anteontem.

Pinguim baiano
A convite da Marinha, três deputados embarcaram para a Antártida. Entre eles está o presidente do PT da Bahia, Josias Gomes, que não deverá estranhar a mudança climática: a candidatura de Nelson Pellegrino à Prefeitura de Salvador teima em não esquentar.

Ovelha desgarrada
A ordem do PTB nacional para que seus comandados marchem com o PT em outubro não sensibilizou o prefeito de Bauru, Nilson Costa. Ele apoiará seu ex-chefe-de-gabinete Antonio Marsola (PPS), em detrimento da petista Estela Almagro.

TIROTEIO

Do médico e deputado Mário Heringer (PDT-MG), sobre o presidente da ANS, Fausto Pereira dos Santos, segundo quem a agência não pode "garantir para as pessoas que irá pacificar o setor" no caso dos reajustes de até 81% nos planos de saúde:
-Ele jogou a toalha. Deixou o usuário ao relento. A ANS tem, sim, mecanismos para defender o usuário. Não tem é coragem.

CONTRAPONTO

A luta continua

Em debates com a participação de deputados petistas que votaram contra o salário mínimo de R$ 260, é comum ouvi-los responder a perguntas sobre a possibilidade de abandonar o partido para se juntarem à senadora alagoana Heloisa Helena no recém-criado PSOL.
A parlamentar foi expulsa do PT no ano passado. Conhecidos como os "nove rebeldes", os deputados costumavam se intimidar diante das indagações.
Até que Chico Alencar (RJ) encontrou uma resposta.
-Por que não vão para o PSOL?-, perguntou um rapaz.
Professor de história, o deputado foi buscar no ano 480 a.C. o episódio do exército de 2 milhões de homens do rei persa Xerxes, segundo quem suas flechas encobririam o sol no ataque aos espartanos. Encurralados, os 300 adversários deram a resposta, repetida por Alencar:
-Combateremos à sombra!


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