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PERFIL
Baltazar cuidou da segurança do candidato do PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O fato mais marcante da carreira profissional de Francisco
Baltazar da Silva, 52, antes de
ter sido nomeado no ano passado superintendente da PF em
São Paulo, ocorreu em 1989.
Naquele ano, marcado pelas
primeiras eleições diretas para
presidente desde a vitória de
Jânio Quadros em 1960, Baltazar foi escolhido para coordenar a equipe de segurança do
então candidato Luiz Inácio
Lula da Silva, do PT.
Por lei, os candidatos à Presidência têm direito a segurança
fornecida pela Polícia Federal.
Baltazar costuma usar isso como um dado biográfico positivo. Para seus adversários, apenas provaria seu descrédito
com a chefia imediata na época, porque em São Paulo a PF
considerava mais importantes,
no começo da campanha, nomes como os de Mário Covas
(PSDB) e Leonel Brizola (PDT).
Em depoimento à Polícia Federal em janeiro último, o juiz
federal João Carlos da Rocha
Mattos, preso sob acusação de
vender sentenças judiciais, ironizou o fato, mencionando
uma conversa que teria tido
com um delegado: "Comentou
ainda [o delegado] que o doutor Baltazar havia sido escolhido para a segurança do então
candidato Lula desde 1989 por
exclusão, ou seja, os melhores
delegados faziam a segurança
de outros candidatos".
De lá para cá, Baltazar exerceu ainda a chefia da Divisão de
Repressão a Entorpecentes na
PF paulista, tida como a vanguarda da PF nos métodos de
investigação. Chegou a 2002
sem ver perspectivas de crescimento profissional e tinha como objetivo próximo a aposentadoria.
Foi convencido pelos colegas
a permanecer na ativa, apostando na eleição de Lula, cuja
segurança coordenou pela
quarta vez naquele ano. Quando o petista assumiu o Planalto,
fez uma determinação expressa para que a PF aproveitasse
Baltazar em São Paulo. Quando
foi questionado pela Folha em
2003 sobre sua amizade com
Lula, disse que era "seu fã".
Desde o final do ano passado,
pelo menos três operações da
PF de Brasília colocaram em
dúvida o desempenho e a lisura
de delegados nomeados na gestão de Baltazar. Um deles, o delegado José Augusto Bellini,
que cuidava do setor de passaportes na PF paulistana, está
preso desde outubro.
Internamente, Baltazar é tido
como um policial sem perfil
vinculado à investigação. É casado e tem dois filhos.
(ID e RV)
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