São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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Brasília conduz devassa na Polícia Federal de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal de São Paulo é alvo de uma devassa comandada por um grupo de delegados federais de Brasília. Todos os inquéritos policiais em tramitação estão sendo revisados -estima-se que existam entre 8.000 e 10 mil inquéritos da PF ativos nas oito varas criminais da Justiça Federal de São Paulo.
Nos últimos 60 dias, todos os inquéritos foram remetidos para a sede da Superintendência da PF paulistana, onde são submetidos a um pente-fino pela comissão de delegados de Brasília.
Um ofício da Corregedoria Geral de Correições de Brasília enviado à Justiça Federal revela que a análise dos documentos -chamada tecnicamente de "correição geral extraordinária" e prevista no regulamento da instituição- foi requisitada pela desembargadora federal Marli Ferreira, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, de São Paulo.
"Pretendemos revisar todos os inquéritos policiais em tramitação", diz o ofício enviado a todas as varas federais e assinado pelo delegado da PF e coordenador-geral de Correições da PF de Brasília, Paulo Correa Iung.
O ofício, datado de maio, diz que o período da correição seria de 7 a 30 de junho deste ano, mas a assessoria de imprensa da Superintendência da PF em São Paulo confirmou ontem que o trabalho continua e não tem prazo definido para terminar. Segundo a assessoria, a correição extraordinária "ocorrerá em todas as superintendências", embora a de São Paulo tenha sido a primeira.
De acordo com a versão da superintendência, o objetivo da correição, que teria participação de delegados de outros Estados, além dos de Brasília, é "a padronização dos trabalhos e dos inquéritos" nas diversas superintendências do órgão.
A Folha apurou que a correição foi determinada pelo TRF depois que um inquérito aberto na PF paulistana em decorrência da Operação Anaconda, e por ordem do tribunal, acabou sendo presidido justamente por um policial ligado à família do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso desde outubro do ano passado sob acusação de comercializar sentenças judiciais e um dos principais investigados pela própria Anaconda.
O fato despertou a atenção do tribunal, que pediu o apoio da Direção Geral da PF para realizar uma investigação interna completa. A idéia principal é averiguar a lisura do sistema de distribuição dos inquéritos entre os delegados.
(RUBENS VALENTE)


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