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Brasília conduz devassa
na Polícia Federal de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal de São Paulo é
alvo de uma devassa comandada
por um grupo de delegados federais de Brasília. Todos os inquéritos policiais em tramitação estão
sendo revisados -estima-se que
existam entre 8.000 e 10 mil inquéritos da PF ativos nas oito varas criminais da Justiça Federal de
São Paulo.
Nos últimos 60 dias, todos os inquéritos foram remetidos para a
sede da Superintendência da PF
paulistana, onde são submetidos
a um pente-fino pela comissão de
delegados de Brasília.
Um ofício da Corregedoria Geral de Correições de Brasília enviado à Justiça Federal revela que
a análise dos documentos -chamada tecnicamente de "correição
geral extraordinária" e prevista
no regulamento da instituição-
foi requisitada pela desembargadora federal Marli Ferreira, do
TRF (Tribunal Regional Federal)
da 3ª Região, de São Paulo.
"Pretendemos revisar todos os
inquéritos policiais em tramitação", diz o ofício enviado a todas
as varas federais e assinado pelo
delegado da PF e coordenador-geral de Correições da PF de Brasília, Paulo Correa Iung.
O ofício, datado de maio, diz
que o período da correição seria
de 7 a 30 de junho deste ano, mas
a assessoria de imprensa da Superintendência da PF em São Paulo
confirmou ontem que o trabalho
continua e não tem prazo definido para terminar. Segundo a assessoria, a correição extraordinária "ocorrerá em todas as superintendências", embora a de São
Paulo tenha sido a primeira.
De acordo com a versão da superintendência, o objetivo da correição, que teria participação de
delegados de outros Estados,
além dos de Brasília, é "a padronização dos trabalhos e dos inquéritos" nas diversas superintendências do órgão.
A Folha apurou que a correição
foi determinada pelo TRF depois
que um inquérito aberto na PF
paulistana em decorrência da
Operação Anaconda, e por ordem
do tribunal, acabou sendo presidido justamente por um policial
ligado à família do juiz federal
João Carlos da Rocha Mattos, preso desde outubro do ano passado
sob acusação de comercializar
sentenças judiciais e um dos principais investigados pela própria
Anaconda.
O fato despertou a atenção do
tribunal, que pediu o apoio da Direção Geral da PF para realizar
uma investigação interna completa. A idéia principal é averiguar
a lisura do sistema de distribuição
dos inquéritos entre os delegados.
(RUBENS VALENTE)
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