São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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Queda era inevitável, afirma governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil perderia três posições no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), passando do 65º para o 68º lugar, mesmo que a base de dados de alfabetização não tivesse sido alterada entre 2003 e 2004.
O cálculo é do secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Ricardo Henriques, e foi divulgado na apresentação oficial do Relatório do Desenvolvimento Humano 2004, ontem, em Brasília.
Produzido pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o relatório coloca o Brasil na 72ª posição -entre 177 territórios analisados-, com IDH de 0,775. A escala varia de 0 a 1 (desenvolvimento elevado). O país estava em 65º em 2003.
Ao refazer os dados do ano passado com base em novos números de analfabetismo, o Pnud colocou o Brasil também em 72º lugar, ou seja, o mesmo de 2004.
Isso aconteceu porque o IDH é calculado com base em variáveis de educação, renda e expectativa de vida. No relatório deste ano, foi usada a taxa do Censo 2000 do IBGE (13,6%). Em 2003, utilizou-se estimativa de 12,7%, baseada na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001.
Segundo Henriques, que representou o Ministério da Educação, a indicação do uso do Censo foi feita pelo próprio IBGE por ser levantamento que engloba todo o país. A desvantagem: é feito a cada dez anos.
Já a Pnad é feita todos os anos em que não há Censo, mas não inclui a zona rural do Norte. O próprio secretário admite que poderia ter sido melhor usar a Pnad. "Na série histórica, o Brasil continua melhorando seus indicadores. Não há nenhuma recusa em reconhecer as melhoras obtidas no governo anterior. Mas não havia regularidade na informação dos dados", disse Henriques.

Promessa
Agora, o secretário promete se reunir com o IBGE para criar base de dados atualizada a ser fornecida aos organismos internacionais. Já o porta-voz do Pnud em Brasília, José Carlos Libânio, disse que a Unesco no Canadá recebeu o dado do IBGE e não o contestou por ser informação oficial.
"Poder, tudo pode. Mas aí entra em um campo de política partidária e não há como saber", respondeu, ao ser questionado por jornalistas se poderia ter havido manipulação política dos dados.
A assessoria do IBGE informou que o instituto respondeu a uma correspondência da Unesco em setembro de 2002, quando os dados da Pnad não estavam disponíveis. Disse ainda que o órgão não pode ser responsabilizado por dados desatualizados porque não participa do levantamento.
(LUCIANA CONSTANTINO)


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