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Queda era inevitável, afirma governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil perderia três posições
no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), passando do 65º para o 68º lugar,
mesmo que a base de dados de alfabetização não tivesse sido alterada entre 2003 e 2004.
O cálculo é do secretário de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Ricardo
Henriques, e foi divulgado na
apresentação oficial do Relatório
do Desenvolvimento Humano
2004, ontem, em Brasília.
Produzido pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o relatório coloca o Brasil na 72ª posição -entre
177 territórios analisados-, com
IDH de 0,775. A escala varia de 0 a
1 (desenvolvimento elevado). O
país estava em 65º em 2003.
Ao refazer os dados do ano passado com base em novos números de analfabetismo, o Pnud colocou o Brasil também em 72º lugar, ou seja, o mesmo de 2004.
Isso aconteceu porque o IDH é
calculado com base em variáveis
de educação, renda e expectativa
de vida. No relatório deste ano, foi
usada a taxa do Censo 2000 do IBGE (13,6%). Em 2003, utilizou-se
estimativa de 12,7%, baseada na
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios) de 2001.
Segundo Henriques, que representou o Ministério da Educação,
a indicação do uso do Censo foi
feita pelo próprio IBGE por ser levantamento que engloba todo o
país. A desvantagem: é feito a cada dez anos.
Já a Pnad é feita todos os anos
em que não há Censo, mas não inclui a zona rural do Norte. O próprio secretário admite que poderia ter sido melhor usar a Pnad.
"Na série histórica, o Brasil continua melhorando seus indicadores. Não há nenhuma recusa em
reconhecer as melhoras obtidas
no governo anterior. Mas não havia regularidade na informação
dos dados", disse Henriques.
Promessa
Agora, o secretário promete se
reunir com o IBGE para criar base
de dados atualizada a ser fornecida aos organismos internacionais. Já o porta-voz do Pnud em
Brasília, José Carlos Libânio, disse
que a Unesco no Canadá recebeu
o dado do IBGE e não o contestou
por ser informação oficial.
"Poder, tudo pode. Mas aí entra
em um campo de política partidária e não há como saber", respondeu, ao ser questionado por jornalistas se poderia ter havido manipulação política dos dados.
A assessoria do IBGE informou
que o instituto respondeu a uma
correspondência da Unesco em
setembro de 2002, quando os dados da Pnad não estavam disponíveis. Disse ainda que o órgão
não pode ser responsabilizado
por dados desatualizados porque
não participa do levantamento.
(LUCIANA CONSTANTINO)
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