São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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TODA MÍDIA

Impaciência

NELSON DE SÁ

Nas contas de Boris Casoy, no Jornal da Record, "pela quinta vez em dois meses, Lula pediu paciência à população". Desta vez, ele pediu a paciência das mulheres.
Mas é o presidente quem pode estar perdendo a paciência. É o que parece se desenhar, na cobertura, em meio às resistências internas ao projeto de Parceria Público-Privada.
Começou n "Valor Econômico", dias atrás, com o relato de que, na reunião que decidiu como seria o projeto, Lula se colocou inesperadamente contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Do jornal:
- Foi um dos únicos casos, até agora, em que o ministro Palocci perdeu uma disputa dentro do governo.
Pior, ele perdeu no governo e foi a um jantar com senadores tucanos, que passaram a brecar o projeto. Segundo "O Globo", a notícia do jantar deixou "muita gente incomodada".
A novidade de ontem foi o registro, no mesmo jornal:
- Lula continua apoiando o ministro Palocci e sua política econômica, mas tem a cada dia mais feito a seguinte pergunta: Mas como ficam a distribuição de renda e o combate às desigualdades?
Pode ser só a retomada da guerra fria entre os integrantes do "núcleo duro", pela imprensa, mas talvez Lula já não tenha mais paciência.
Daí pedir tanto, aos outros.

OLGA

adorocinemabrasileiro.com.br
A atriz Camila Morgado (Olga), num site para fãs


O Cine Alvorada, nome que o colunista Ancelmo Góis dá às sessões de Lula no Palácio da Alvorada, lança na terça mais um filme sobre um ícone revolucionário, "Olga".
Antes, a mais nova edição da revista "Nossa História" traz Olga Benario na capa, em texto da historiadora (filha de Olga) Anita Leocádia Prestes. É um artigo formal, mas aqui e ali deixa escapar emoção, em passagens como a que relata os poucos meses que elas tiveram juntas:
- Olga deu à luz em novembro de 1936, na prisão de mulheres de Barnimstrasse, em Berlim. Na exígua cela da prisão, submetida a regime de rigoroso isolamento, conseguiu criar a filha até os 14 meses.
Em 1942, "Olga era transferida ao campo de Bernburg, onde seria assassinada numa câmara de gás".

CHE

garyjr.com
O ator Gael García Bernal (Che), num site de fã


"Diários de Motocicleta", filme de Walter Salles sobre outro ícone revolucionário, Che Guevara, corre o mundo em quase 30 festivais. No mais recente, em Ramallah, na Palestina, foi notícia no "Haaretz" (israelense) e no "Crônica Palestina" -que o descreviam como "a jornada em que Che cristalizou sua consciência revolucionária" e "a jornada de Che a caminho da autodescoberta".
Na passagem por Cuba, o crítico do "Granma" se viu em maus bocados diante do filme que a "Variety", como ele destacou, disse ser "não-político". Mas elogiou.
 
O londrino "The Observer", às vésperas da estréia local de "Diários", deu longa reportagem crítica ao mito Che. Ouviu o marxista arrependido Christopher Hitchens:
- Quando se pensa em Che, é mais como Byron do que Marx. Ele pertence mais à tradição romântica.
Outro arrependido, o mexicano Jorge Castañeda:
- Ele é um símbolo de um tempo em que as pessoas morriam heroicamente. Elas não fazem mais isso.
A reportagem deu que, no rastro de "Diários", vêm aí dois outros filmes sobre Che, um de Steven Soderbergh, com Benicio Del Toro, e outro "um veículo para Antonio Banderas". E se questiona o "Observer", no título:
- Che era só uma cara bonita?

Poluidor
Reportagem do Nomínimo diz que está pronto, à espera do anúncio, o Inventário Brasileiro de Emissões de Gases do Efeito Estufa. Não serão boas notícias. O Brasil passa a quinto poluidor global. De um entrevistado:
- A imprensa mundial vai colocar o país na berlinda.
Para o site, apesar dos esforços da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, Lula mostra "pouca sensibilidade".

Esforços
Apontada sempre como vilã nos comentários de economia, por frear o progresso agrícola ou coisa assim, Marina Silva segue com os seus "esforços".
A "Gazeta Mercantil" noticiou em tom positivo o acordo que ela fechou com o Ministério da Defesa, para mobilizar mais de cem homens da Infantaria de Selva, além de 18 helicópteros, para combater desmatamento, extração, grilagem etc.

Empregos
Nas manchetes do Jornal da Band, de Carlos Nascimento:
- Campanha para as eleições municipais cria empregos em vários setores da economia.
É um espetáculo, afinal.

Paciência
Anda aos poucos, em doses, a negociação com a Argentina nos eletroeletrônicos. Primeiro veio um acordo nos fogões. Ontem, como afirmou à noite o "Ámbito Financiero", nas geladeiras:
- Mas ainda falta superar o conflito nas máquinas de lavar.
E acrescenta o "Clarín":
- De todo modo, a tensão se mantém em outros setores.

Quase lá
A nova "Economist" saudou as "boas notícias" nas conversas no âmbito da Organização Mundial do Comércio:
- Os grandes comerciantes, tanto ricos como pobres, estão com um acerto ao alcance da mão. No comércio agrícola, os gigantes (EUA, Europa, Brasil, Austrália e Índia) caminham aos poucos para um acordo.

Não culpe o rico
O obstáculo agora, para a "Economist", são alguns "países pobres" da América Central e de outras partes, que não querem perder as vantagens que têm no atual "sistema distorcido". Daí o seu título provocador:
- Não culpem o mundo rico se as negociações entrarem em colapso novamente.


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