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Renan agora quer deter votação na Mesa
Presidente do Senado manobra para que não seja votado amanhã requerimento que pede continuidade de perícia da Polícia Federal
Magno Malta (PR-ES) pode
ajudar Renan; se a votação
for adiada, só em agosto a
apuração será retomada por
conta do início do recesso
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em mais uma manobra protelatória, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), articula para que membros da Mesa Diretora peçam
vista (suspensão da votação)
amanhã do requerimento, encaminhado pelo Conselho de
Ética, para que a Polícia Federal aprofunde perícia feita em
documentos apresentados por
ele em sua defesa.
Como o recesso parlamentar
começa na quarta-feira, isso
significaria que a Polícia Federal só retomaria os trabalhos
em agosto. A manobra pode ser
neutralizada se o vice-presidente do Senado, Tião Viana,
que conduzirá a reunião, conceder apenas algumas horas
para a análise do material.
Aliados de Renan apostam na
iniciativa de Magno Malta (PR-ES) para o pedido de vista e não
descartam que ele receba apoio
de outros membros da Mesa.
O senador nega que pretenda
pedir tempo, mas diz que a Polícia Federal não pode fazer a
perícia sem autorização do STF
(Supremo Tribunal Federal).
Esse é um dos principais argumentos da defesa de Renan.
"Tem que pedir [autorização]
ao Supremo", afirmou Malta.
"O conselho não tem atribuição
constitucional para provocar a
ação da Polícia Federal", disse
Eduardo Ferrão, advogado do
presidente do Senado.
Ferrão disse que não pretende recorrer ao STF para impedir que a PF conclua a perícia,
mas não descartou usar o artifício posteriormente para anular
os trabalhos do conselho.
"A gente só vai recorrer ao
Supremo se houver atropelo ao
devido processo legal e restrições ao direito de defesa", disse
o advogado.
Em representação enviada
ao conselho na semana passada, Ferrão apontou supostos
erros na tramitação do processo e restrições ao direito de defesa do presidente do Senado.
Ferrão e o senador José Nery
(PSOL-PA), autor da representação contra Renan, poderão
participar da reunião da Mesa,
além do presidente do Conselho de Ética, senador Leomar
Quintanilha (PMDB-TO).
Ferrão deve pedir ainda que
sejam excluídas algumas das 30
perguntas a serem encaminhadas à PF e que constam do ofício elaborado pelo conselho.
O objetivo é verificar se as
operações de venda de gado declaradas pelo presidente do Senado realmente ocorreram e
também se a evolução de seu
patrimônio é compatível com
sua renda.
A perícia da PF é a principal
linha de investigação do conselho. Renan é acusado de ter
despesas pessoais pagas por um
lobista da Mendes Júnior.
Para comprovar que teria
renda suficiente para custear
seus gastos, o presidente do Senado declarou ter ganho R$ 1,9
milhão nos últimos quatro
anos com venda de gado.
Laudo preliminar da PF
apontou inconsistências em
notas fiscais apresentadas por
Renan referentes a operações
de venda de gado.
A lucratividade obtida pelo
presidente do Senado é considerada fora dos padrões por pecuaristas nacionais.
Outra forma de protelar a decisão é esvaziar o quórum da
reunião da Mesa, o que é mais
difícil, já que a oposição tem
número suficiente para garantir a presença de pelo menos
quatro senadores, que é o mínimo necessário.
Ignorando acordo feito entre
líderes partidários e integrantes da Mesa, Renan adiou a reunião do colegiado de quinta-feira passada para amanhã.
A medida irritou a oposição,
que se retirou do plenário e
ameaça obstruir as votações se
o pedido de perícia não for encaminhado antes do recesso.
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