São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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Defesa de Dantas quer afastar juiz Sanctis do caso

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Nélio Machado quer afastar o juiz Fausto De Sanctis do processo que investiga o banqueiro Daniel Dantas por suposta formação de quadrilha e crimes contra o sistema financeiro. A equipe de Machado preparou ontem uma "argüição de suspeição", considerando que Sanctis prejulgou Dantas e não poderá tratar o caso com isenção.
Um assessor de Machado disse à Folha que o pedido de afastamento se remete à atuação de De Sanctis no inquérito do delegado Protógenes Queiroz. Segundo os advogados, o juiz teria pactuado com irregulares nos procedimentos de investigação da PF, especialmente o uso não-oficial de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para levantamento de provas.
Para os advogados, a situação de Sanctis ficou insustentável após as declarações da última segunda-feira, durante manifestação contra os dois habeas corpus em favor de Dantas.
Na ocasião, juiz e delegado se uniram nas críticas ao presidente do STF, Gilmar Mendes, pela anulação de dois pedidos de prisão expedidos contra o banqueiro. "Se estou convicto, vou até o fim", afirmou Sanctis, garantindo que, se fosse chamado novamente para decidir o caso Dantas, tornaria a decretar as prisões.
"A liminar individual por uma pessoa que não se debruçou sobre um fato complexo deveria, no mínimo, ser referendado pelos demais colegas [da corte]. Uma pessoa sozinha desfaz o trabalho da polícia, que está há anos no caso, do Ministério Público, de umas 500 pessoas sérias", disse.
A lei prevê que o juiz argüido tenha a prerrogativa da auto-avaliação. Caso concorde com a suspeição, ele deverá apensar ao processo os motivos de seu afastamento, no prazo de 24 horas. O juiz Sanctis foi procurado pela reportagem até o início da noite de ontem, mas não ligou de volta. Caso não se afaste, a argüição deverá ser avaliada pelo tribunal.

Abin
Nélio Machado já teve acesso ao inquérito contra seu cliente. Ele indagará sobre a participação da Abin na formação de provas do inquérito e pedirá a anulação dessas evidências.
O advogado vai explorar o suposto relacionamento entre Protógenes e o diretor da Abin, Paulo Lacerda, bem como informações de que o delegado teria sonegado informações do inquérito ao atual diretor da PF, Luís Fernando Corrêa.


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