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Buscas no Araguaia são encenação para inglês ver, diz ONG
Tortura Nunca Mais do Rio afirma que comissão comandada pelo Exército não possui real interesse em localizar ossadas
Para entidade, militares podem destruir provas que ainda existam nos locais; Exército diz que dá apenas apoio logístico à operação
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A ONG Tortura Nunca Mais
do Rio de Janeiro atacou ontem
a comissão criada pelo Ministério da Defesa para buscar os
restos mortais de guerrilheiros
desaparecidos no Araguaia. Para os dirigentes, a operação é
"mise-en-scène [encenação]
para inglês ver", sem real interesse em localizar as ossadas.
"Foram eles que assassinaram os nossos parentes. Agora
vão desmanchar as provas que
ainda existem", afirmou Vitória
Grabois, que perdeu na guerrilha o pai, Maurício Grabois, líder do movimento, o irmão,
André, e o primeiro marido,
Gilberto Olímpio Maria.
Para a ONG, a operação comandada pelo Exército só
acontece por pressões internacionais, relativas a ação que
chegou à Corte Interamericana
de Direitos Humanos da OEA
(Organização de Estados Americanos). "Estão botando a raposa para tomar conta do galinheiro", disse Elizabeth Silveira e Silva, da direção da ONG.
A presidente da entidade no
Rio, Cecilia Coimbra, criticou o
fato de que os moradores da região não serão ouvidos para
ajudar na identificação de locais onde ossadas possam estar.
Para a ONG, o governo evita
discutir a abertura dos arquivos
em nome da "governabilidade".
"Vemos a vitória do que há de
mais conservador no governo.
Tarso Genro [Justiça] e Paulo
Vannuchi [Direitos Humanos]
perderam politicamente para
Nelson Jobim e as Forças Armadas", diz Cecília Coimbra.
O Exército afirma que quem
comanda as buscas são civis e
que sua função é apenas dar suporte logístico para técnicos.
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