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GOVERNO
Jader nem sequer foi consultado pelo presidente sobre a reforma
PMDB mantém sua cota,
mas perde poder político
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso manteve o mesmo
número de ministérios do PMDB,
mas o partido saiu humilhado do
episódio da reforma ministerial.
O presidente nacional do
PMDB, senador Jader Barbalho
(PA), não foi consultado por FHC
a respeito da reforma, apenas informado da decisão presidencial.
O partido teve de aceitar a demissão de Renan Calheiros (Justiça) e a imposição do nome de Fernando Bezerra para o novo Ministério da Integração Nacional
-que, na realidade, apenas substituiu a Secretaria de Políticas Regionais, já ocupada por um peemedebista, Ovídio de Ângelis.
Além disso, os peemedebistas
devem perder a liderança do governo no Senado. O cargo era
ocupado pelo senador Bezerra
(PMDB-RN). Com a sua saída para o ministério, a vaga pode ser
entregue para o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF).
FHC comunicou suas intenções
a dois dirigentes peemedebistas
depois que já havia se decidido. O
líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e o presidente da Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP), estiveram com o
presidente entre a noite de quarta
e ontem de madrugada.
FHC disse que não tinha queixas contra Calheiros, mas que
"circunstâncias políticas" o obrigavam a retirá-lo. Essas "circunstâncias" teriam sido criadas por
"setores do PSDB", disse o presidente, segundo a Folha apurou.
Como o presidente não fez críticas diretas ao então ministro da
Justiça, Vieira Lima e Michel Temer então perguntaram por que
Calheiros não poderia permanecer em algum outro ministério.
FHC negou, dizendo que a permanência de Calheiros continuaria a gerar "conflitos".
O diálogo dos peemedebistas
com o presidente foi constrangedor. FHC teria dito que estava até
demitindo um amigo, Celso Lafer, mas que "política é assim
mesmo".
Como prêmio de consolação, o
PMDB soube que poderia escolher algum político goiano para
nomear -pois o demitido Ovídio de Ângelis é de Goiás. Três
cargos foram colocados à disposição: o Ministério da Cultura, o da
Ciência e Tecnologia e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano.
O desdém do PMDB foi tamanho que ninguém da direção partidária quis tratar do assunto com
o presidente. Coube ao ex-deputado federal Moreira Franco
(PMDB-RJ) tratar do assunto.
Franco é secretário de Assuntos
Legislativos no Palácio do Planalto. Tentou no final da manhã de
ontem levar Calheiros para uma
despedida com FHC. "Não dá",
respondeu o ex-ministro.
Calheiros, que tinha a possibilidade remota de ocupar a liderança do governo no Senado, recusou essa hipótese. "Eu não me
sentiria à vontade para defender o
Pimenta da Veiga", disse.
Pimenta da Veiga, ministro das
Comunicações, é um dos mais ferozes críticos da permanência do
PMDB no governo.
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