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ESTADOS X UNIÃO
"Racha" fez com que encontro em Aracaju terminasse sem sequer uma nota de reivindicações
Reunião dos governadores fracassa
FLÁVIA DE LEON
enviada especial a Aracaju
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Aracaju
Os 24 governadores que se reuniram ontem em Aracaju (SE) para cobrar ajuda do governo federal não conseguiram nem sequer
produzir a nota oficial contendo
as medidas que consideram prioritárias para seus Estados que caracteriza seus encontros.
O racha foi provocado pelo tom,
considerado muito ameno, das
duas minutas de nota oficial apresentadas no encontro por dois governadores aliados do Palácio do
Planalto.
Amigo pessoal de FHC, o anfitrião do encontro, Albano Franco
(PSDB), abriu a reunião apresentando uma minuta de nota que foi
considerada "frouxa" pelos governadores de oposição.
Na nota redigida por Albano,
pontos polêmicos, como a extinção do FEF, não estavam sendo
tratados com o rigor pretendido
pela oposição. ""Está muito
"light"", reclamou o governador
de Mato Grosso do Sul, Zeca do
PT.
A oposição reivindicava ""mais
força" na nota para demonstrar o
descontentamento dos governadores com o não-cumprimento
das metas estabelecidas na reunião que realizaram com FHC em
fevereiro.
""O presidente não conseguiu fazer andar a máquina da equipe
econômica", queixou-se o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT). ""Faz seis meses e
meio que negociamos e até agora,
nada", disse Zeca.
Roseana Sarney (PFL-MA), que
reivindicou ""tratamento igualitário" na questão da rolagem das dívidas contraídas pelos Estados
com a Previdência estadual, foi
eleita secretária da reunião, uma
espécie de porta-voz do grupo
junto ao governo federal.
As discussões resultaram em
uma segunda proposta de nota,
desta vez apresentada pelo governador do Amazonas, Amazonino
Mendes (PFL). Ele e o governador
do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB),
apontado pela oposição como um
dos que mais resistiram ao encontro de ontem, queriam que a nota
fosse concentrada no déficit fiscal.
"Não adianta cobrar do governo federal, porque ele está andando de muletas", disse Amazonino.
Diante do impasse entre os textos apresentados pelos governadores aliados do Planalto e os termos defendidos pelos da oposição, Garotinho propôs que a nota
fosse esquecida. "Se temos tanta
dificuldade em colocar nossas posições numa nota, talvez seja melhor não falar nada."
Os governadores, então, decidiram criar a Conferência dos Governadores, uma formalização do
fórum já existente, que manterá
reuniões regulares.
Também decidiram que uma
comissão, formada pelo governadores Esperidião Amin (PPB-SC),
Ronaldo Lessa (PSB-AL), Dante
de Oliveira (PSDB-MT), José Ignácio (PSDB-ES), Roseana, Garotinho, Albano e Zeca do PT, irá a
Brasília pedir a FHC a retomada
da negociação.
Os governadores concordaram
em pedir a FHC a extinção imediata do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal), cujo término está
previsto para o final deste ano.
Também querem a antecipação
da devolução dos recursos retidos
por força da Lei Kandir e maior
compensação pela perda de arrecadação decorrente dos aposentados que contribuíram com a Previdência da União e recebem seus
proventos do Estado.
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