São Paulo, Sexta-feira, 16 de Julho de 1999
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ESTADOS X UNIÃO
"Racha" fez com que encontro em Aracaju terminasse sem sequer uma nota de reivindicações
Reunião dos governadores fracassa

FLÁVIA DE LEON
enviada especial a Aracaju

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Aracaju

Os 24 governadores que se reuniram ontem em Aracaju (SE) para cobrar ajuda do governo federal não conseguiram nem sequer produzir a nota oficial contendo as medidas que consideram prioritárias para seus Estados que caracteriza seus encontros.
O racha foi provocado pelo tom, considerado muito ameno, das duas minutas de nota oficial apresentadas no encontro por dois governadores aliados do Palácio do Planalto.
Amigo pessoal de FHC, o anfitrião do encontro, Albano Franco (PSDB), abriu a reunião apresentando uma minuta de nota que foi considerada "frouxa" pelos governadores de oposição.
Na nota redigida por Albano, pontos polêmicos, como a extinção do FEF, não estavam sendo tratados com o rigor pretendido pela oposição. ""Está muito "light"", reclamou o governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT.
A oposição reivindicava ""mais força" na nota para demonstrar o descontentamento dos governadores com o não-cumprimento das metas estabelecidas na reunião que realizaram com FHC em fevereiro.
""O presidente não conseguiu fazer andar a máquina da equipe econômica", queixou-se o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT). ""Faz seis meses e meio que negociamos e até agora, nada", disse Zeca.
Roseana Sarney (PFL-MA), que reivindicou ""tratamento igualitário" na questão da rolagem das dívidas contraídas pelos Estados com a Previdência estadual, foi eleita secretária da reunião, uma espécie de porta-voz do grupo junto ao governo federal.
As discussões resultaram em uma segunda proposta de nota, desta vez apresentada pelo governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL). Ele e o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), apontado pela oposição como um dos que mais resistiram ao encontro de ontem, queriam que a nota fosse concentrada no déficit fiscal.
"Não adianta cobrar do governo federal, porque ele está andando de muletas", disse Amazonino.
Diante do impasse entre os textos apresentados pelos governadores aliados do Planalto e os termos defendidos pelos da oposição, Garotinho propôs que a nota fosse esquecida. "Se temos tanta dificuldade em colocar nossas posições numa nota, talvez seja melhor não falar nada."
Os governadores, então, decidiram criar a Conferência dos Governadores, uma formalização do fórum já existente, que manterá reuniões regulares.
Também decidiram que uma comissão, formada pelo governadores Esperidião Amin (PPB-SC), Ronaldo Lessa (PSB-AL), Dante de Oliveira (PSDB-MT), José Ignácio (PSDB-ES), Roseana, Garotinho, Albano e Zeca do PT, irá a Brasília pedir a FHC a retomada da negociação.
Os governadores concordaram em pedir a FHC a extinção imediata do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal), cujo término está previsto para o final deste ano.
Também querem a antecipação da devolução dos recursos retidos por força da Lei Kandir e maior compensação pela perda de arrecadação decorrente dos aposentados que contribuíram com a Previdência da União e recebem seus proventos do Estado.


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