São Paulo, Sexta-feira, 16 de Julho de 1999
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MISTÉRIO EM AL
Augusto Farias deve ser citado como responsável pelas mortes ou cúmplice após as investigações
Delegados podem indiciar irmão de PC

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Pão de Açúcar


Os delegados Antônio Carlos Lessa e Alcides Andrade afirmaram que já reúnem informações que podem levar ao indiciamento, na próxima semana, do deputado Augusto Farias (PPB-AL) como responsável ou cúmplice pelas mortes de seu irmão, Paulo César Farias, e da namorada Suzana Marcolino.
"Confirmamos que Augusto Farias teve participação decisiva no desfecho do crime passional. Além disso, outros indícios suscitam o indiciamento do deputado no caso", afirmou Andrade.
A família Farias considera absurda a possibilidade de indiciamento de Augusto Farias. Ele afirmou ontem que só se manifestará sobre o caso após a oficialização da intenção dos delegados.
Os delegados não descartam a possibilidade de indiciar outras pessoas que estavam na casa da praia de Guaxuma (litoral alagoano), onde os corpos foram encontrados em 23 de junho de 1996.
Apenas os quatro ex-seguranças de PC haviam sido indiciados até ontem como co-autores dos assassinatos. Os delegados descartam totalmente a primeira versão de que Suzana matou PC e, em seguida, se suicidou. Para eles, os dois foram assassinados.
Entre os indícios citados pelos delegados estão os fatos de Augusto Farias ter dado "suporte" à versão passional do caso e "proteção" aos ex-seguranças de PC.
Outro ponto que indicaria participação do deputado no caso seria a violação da cena do crime.
Quando a perícia chegou ao local, a bolsa de Suzana já havia sido retirada do quarto e seus documentos apareceram rasgados no local da assinatura. Celular e talão de cheques dela desapareceram.
Os delegados consideram também Augusto Farias cúmplice do direcionamento das primeiras investigações que apontavam para o homicídio seguido de suicídio.
Ontem, Andrade e Lessa interrogaram, em Pão de Açúcar (sertão alagoano), Ângela Maciel, prima e ex-sócia de Suzana, e o assessor de Comunicação da Prefeitura de Pão de Açúcar, Elson Rodrigues Lima Madureira, que morou com Suzana por três anos.
Eles afirmaram que na primeira investigação o delegado Cícero Torres conduzia o interrogatório para buscar apenas aspectos negativos sobre a vida de Suzana.
Madureira disse que não declarou que tivesse conhecimento do suposto envolvimento de PC com Zara Malone, uma amiga inglesa de PC, que na época foi lembrada como namorada e parte do ciúme de Suzana que justificaria o fato dela ter atirado no namorado.
"Eu não disse que Suzana era alcoólatra, não sabia da existência da Zara e muito menos que a Suzana tinha tendência suicida. E tudo isso está no inquérito", afirmou Madureira.


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