São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997.



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ELEIÇÕES
Parentes do parlamentar José Janene (PTB) querem receber R$ 984 mil que afirmam ter gasto em sua campanha no Paraná em 1994
Família cobra dívida de deputado na Justiça

FLÁVIO ARANTES
da Agência Folha, em Curitiba

A irmã, o cunhado e um sobrinho do deputado federal José Janene, presidente do PTB no Paraná, reclamam na Justiça uma dívida de R$ 984 mil que, segundo eles, contraíram para fazer a campanha eleitoral do deputado.
Aristides Barion Jr., sobrinho de Janene, foi seu coordenador de campanha. O deputado está em seu primeiro mandato. À Justiça eleitoral, Janene declarou ter gasto R$ 432 mil. "Estamos discutindo na Justiça. Pedi perícia. Está na Justiça", disse o deputado.
Por causa da dívida, o deputado e seus parentes romperam o relacionamento. Jurandir Sebastião Barion, cunhado de Janene, diz que perdeu todo seu patrimônio.
Do que tinha, diz que restou um posto de combustível, que está hipotecado. Antes de praticamente falir, o cunhado de Janene tinha dois postos de combustível, uma locadora de colheitadeiras e uma distribuidora de sorvetes.
Ele afirma que investiu R$ 584 mil de dinheiro próprio na campanha e, quando os recursos acabaram, contraiu outros R$ 400 mil em empréstimos.
Segundo Barion, todos os gastos estão documentados por meio de canhotos de cheques que eram nominais aos prefeitos, vereadores e cabos eleitorais que trabalharam pela eleição do deputado. De acordo com o cunhado de Janene, a dívida de R$ 984 mil se transformou hoje em R$ 1,5 milhão.
Barion diz que apostou na eleição de Janene porque tinha "um relacionamento de irmão, excelente, de mais de 20 anos" com o deputado. Mas admite que esperava que o deputado, quando eleito, tivesse influência para obter "serviço" para a empresa Eletrojan.
A empresa, que opera na área de iluminação pública, pertence ao deputado. Após as eleições, Barion e seu filho se tornaram sócios de Janene: "A gente não esperava benefício em dinheiro, mas serviço. A empresa dele trabalha com prefeituras".
Porém Barion disse que a empresa estava endividada e os serviços esperados não apareceram. Os três desmancharam a sociedade e a família foi à Justiça para receber os recursos aplicados na campanha.
Hoje, além do posto de combustível, Barion e seu filho montaram uma empresa de iluminação pública própria. "Nós perdemos 23 anos de batalha. Eu perdi muito mais. Perdi sentimentos afetivos que cultivei a vida toda. O Zé é meu irmão caçula, foi aquele irmão que a gente cuida, protege", disse à Agência Folha Solaime Barion, irmã de Janene.
Segundo Solaime, sua família foi "humilhada". "Era oficial de Justiça todo dia aqui em casa. Minha filha chorava todo dia. O Zé me virou as costas e não ficou para assistir tudo isso", disse ela que, nesse momento da entrevista, chorou.



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