São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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QUESTÃO AGRÁRIA

Policiais tentavam desocupar área invadida

Confronto entre MST e PM acaba com 12 feridos e 10 presos no Pará

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Um confronto entre sem-terra, ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), e policiais militares deixou 12 feridos ontem durante tentativa de reintegração de posse da fazenda Taba, na região metropolitana de Belém (PA). Todos os feridos são sem-terra. Eles foram atingidos por balas de borracha e estilhaços de bombas de efeito moral, segundo informações da direção do MST local e do hospital onde foram atendidos.
Outros dez sem-terra foram presos pela PM. Eles são acusados de formação de quadrilha, desobediência, ameaça a autoridade e porte ilegal de arma.
A PM apreendeu na área uma espingarda, facões e foices. Esta é a segunda vez em uma semana que a Polícia Militar tenta desocupar a área, que pertence ao empresário João Batista Lira Maia e foi invadida na última sexta-feira.
Na terça-feira passada, a PM conseguiu retirar os 150 sem-terra da área, mas ele retornaram ao local no dia seguinte.
Entre os 12 feridos, o caso mais grave é de Ederson Martins, 21, que passou por uma cirurgia ontem à noite. Ele levou um tiro no queixo. "Ele levou um tiro com bala de verdade. Não foi bala de borracha. A PM chegou atirando e surpreendeu todo mundo", disse o pai de Ederson, Manoel Martins, que ficou ferido no pé.
O oficial da PM que comandou a operação, Waldemir Marques, disse que os policiais só usaram bala de borracha e que a policia não havia contabilizado o número de feridos no confronto.
Pelo menos cem homens do batalhão de choque participaram da tentativa de reintegração. A PM não tinha mandado judicial, mas o comandante alegou que a reintegração pode ser feita diante da ameaça de perda da posse. "Se tiver flagrante, a PM pode fazer a reintegração mesmo sem mandado", disse Marques.
O ouvidor agrário do Pará, Otavio Maciel, confirmou que a PM pode alegar ameaça de perda da posse e agir em flagrante neste tipo de atuação. O comandante não descartou a possibilidade da PM voltar ao local nos próximos dias. A coordenação do MST diz que as famílias irão resistir.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a suspeita de que balas de verdade teriam sido usadas por policiais durante o confronto. (MAURÍCIO SIMIONATO)



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