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QUESTÃO AGRÁRIA
Policiais tentavam desocupar área invadida
Confronto entre MST e PM acaba com 12 feridos e 10 presos no Pará
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Um confronto entre sem-terra,
ligados ao MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra), e policiais militares deixou 12
feridos ontem durante tentativa
de reintegração de posse da fazenda Taba, na região metropolitana
de Belém (PA). Todos os feridos
são sem-terra. Eles foram atingidos por balas de borracha e estilhaços de bombas de efeito moral,
segundo informações da direção
do MST local e do hospital onde
foram atendidos.
Outros dez sem-terra foram
presos pela PM. Eles são acusados
de formação de quadrilha, desobediência, ameaça a autoridade e
porte ilegal de arma.
A PM apreendeu na área uma
espingarda, facões e foices. Esta é
a segunda vez em uma semana
que a Polícia Militar tenta desocupar a área, que pertence ao empresário João Batista Lira Maia e
foi invadida na última sexta-feira.
Na terça-feira passada, a PM
conseguiu retirar os 150 sem-terra
da área, mas ele retornaram ao local no dia seguinte.
Entre os 12 feridos, o caso mais
grave é de Ederson Martins, 21,
que passou por uma cirurgia ontem à noite. Ele levou um tiro no
queixo. "Ele levou um tiro com
bala de verdade. Não foi bala de
borracha. A PM chegou atirando
e surpreendeu todo mundo", disse o pai de Ederson, Manoel Martins, que ficou ferido no pé.
O oficial da PM que comandou
a operação, Waldemir Marques,
disse que os policiais só usaram
bala de borracha e que a policia
não havia contabilizado o número de feridos no confronto.
Pelo menos cem homens do batalhão de choque participaram da
tentativa de reintegração. A PM
não tinha mandado judicial, mas
o comandante alegou que a reintegração pode ser feita diante da
ameaça de perda da posse. "Se tiver flagrante, a PM pode fazer a
reintegração mesmo sem mandado", disse Marques.
O ouvidor agrário do Pará, Otavio Maciel, confirmou que a PM
pode alegar ameaça de perda da
posse e agir em flagrante neste tipo de atuação. O comandante não
descartou a possibilidade da PM
voltar ao local nos próximos dias.
A coordenação do MST diz que as
famílias irão resistir.
A Polícia Civil abriu inquérito
para investigar a suspeita de que
balas de verdade teriam sido usadas por policiais durante o confronto.
(MAURÍCIO SIMIONATO)
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