São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Alckmin desloca campanha para SP

Aliados vêem abandono, e candidato reduz influência das cúpulas do PFL e do PSDB na campanha

Apoiadores do tucano reclamam de Fernando Henrique Cardoso, que disse que Serra era mais qualificado para o cargo


CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Há uma semana longe de Brasília, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, está transferindo o comando de sua campanha para São Paulo. Não só com a concentração de poder nas mãos do coordenador de comunicação, jornalista Luiz Gonzalez, após o início do programa eleitoral.
Mas também com maior controle dos gastos, hoje sob responsabilidade de Brasília. Segundo aliados, Alckmin já manifestou a disposição de acompanhar a execução de despesas. A integrantes do comando da campanha em Brasília, ele já reclamou, por exemplo, do volume previsto para "precursoras": equipes que antecedem sua chegada a uma cidade.
A distância dissipa a influência da cúpula do PFL e do PSDB, num momento em que alckmistas se queixam do abandono do candidato. Ontem mesmo foi cancelada a reunião prevista para hoje entre Gonzalez e os coordenadores da campanha, sob o argumento de que os políticos não poderiam viajar a São Paulo para o encontro.
Num cenário de queda, alckmistas também reclamam de gestos como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. À revista "Playboy", FHC apontou o ex-prefeito paulistano José Serra como mais qualificado para governar o Brasil.
Esse isolamento estaria expresso no tamanho das comitivas de Alckmin nas viagens e até no debate de segunda-feira realizado na TV Bandeirantes. Ele minimiza: "O presidente do meu partido, Tasso Jereissati, estava lá. O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, estava lá. O do PPS, Roberto Freire, também. Serra não foi porque é candidato, Fernando Henrique não é presidente de nenhum partido, ficou acompanhando pela TV", disse Alckmin.
Bornhausen atribui isso ao próprio perfil do candidato. "É do temperamento dele. Só falo quando sou chamado. Não sou de ficar na porta de ninguém esperando para uma conversa", disse o senador, com quem Alckmin se reuniu para discutir sua agenda no Tocantins.
Ontem, o PFL evitou até comentar o programa de TV exibido no horário de almoço. Após reunião com Bornhausen, o consultor Antônio Lavareda lamentou a decisão de produzir um especial para a noite. Segundo ele, é grande a quantidade de pessoas que almoça em casa no interior do país. Reservar um programa melhor para a noite, disse, "é uma tradição que o presidente Lula rompeu". Acho que o Lula não perdeu nada em utilizar o horário do almoço. Foi feliz ao ter rompido a tradição", comentou Lavareda.
O grupo mais próximo do candidato em São Paulo aposta no crescimento para atrair adeptos na política e ocupar o centro de decisões. Esse crescimento, avalia Gonzalez, "tem que acontecer até setembro".


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