São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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Aliados tentam brecar denúncias contra senador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Utilização de laranjas para comprar rádios e fazendas, ingerência política para beneficiar empresa privada, esquema de desvio de dinheiro público e grilagem de terras.
São muitas as acusações que o senador Renan Calheiros tem a enfrentar. Mas, se depender de seus aliados, ele nem sequer passará por novo processo de cassação.
Com a absolvição no plenário na semana passada, da acusação de ter tido contas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, os governistas planejam brecar demais denúncias já no conselho. Renan nega irregularidades.
Na sexta, João Pedro (AM-PT), relator da segunda representação movida pelo PSOL (Schincariol/grilagem de terras), deu a entender que arquivará o caso.
Segundo a revista "Veja", Renan exerceu influência na Receita e no INSS para que multas e dívidas contra a cervejaria não fossem cobradas. Em troca, a Schincariol teria comprado a Conny Ind. e Com. de Sucos e Refrigerantes, do irmão de Renan, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), por pelo menos R$ 10 milhões a mais do que a empresa de fato valeria.
A Schincariol diz que pagou preço normal de mercado (R$ 27 milhões). Receita e INSS negam irregularidades.
Na mesma representação, o PSOL incluiu denúncia, publicada pela Folha, de que Renan e Olavo teriam grilado terras em Murici (AL).
A Folha também publicou que os irmãos Calheiros usaram Tito Uchôa como laranja da família na compra de fazendas. Uchôa é pivô de outra representação contra Renan. É sócio de Renan Calheiros Filho numa gráfica e duas empresas de radiodifusão que detêm sete concessões de rádio, avaliadas em cerca de R$ 3,5 milhões. Segundo a revista "Veja", elas são na verdade de Renan.
O usineiro João Lyra confirmou que manteve com o senador uma sociedade secreta no grupo O Jornal.
A última acusação foi feita pelo advogado Bruno de Miranda Lins. Em depoimento à Polícia Civil do DF em setembro de 2006, confirmado à PF neste mês, ele disse que seu ex-sogro, o empresário Luiz Carlos Garcia Coelho, operava um esquema de desvio e lavagem de dinheiro para Renan em ministérios controlados pelo PMDB.
Aliados de Renan começaram a articular um plano para incluir todas as denúncias remanescentes num bloco, para arquivá-las de uma vez.
A proposta ainda não foi apreciada. Se der certo, a única frente que restará para investigar as denúncias contra Renan será a Procuradoria Geral da República. Em agosto, o STF abriu inquérito penal, a pedido do procurador-geral, Antonio Fernando de Souza, para apurar as denúncias contra Renan.


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