São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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Urna eletrônica reduz votos nulos de analfabetos

DA REDAÇÃO

A introdução da urna eletrônica eliminou um dos responsáveis pelos votos nulos para a Câmara no período 1962-1998: o erro ao preencher as cédulas de papel utilizadas até então.
Antes de 1955, as cédulas eram impressas pelos próprios partidos, com os nomes dos candidatos. Bastava o eleitor ir até sua seção eleitoral e colocar a cédula em um envelope rubricado pelo mesário. Eram poucos votos nulos, porque a cédula impressa reduzia o preenchimento errado.
Em 1955 foi introduzida a "cédula única de votação", produzida e distribuída pela Justiça Eleitoral, que obrigava o eleitor a preenchê-la na cabine de votação. Com isso, os erros de redação aumentaram -e com ela a taxa de votos nulos.

Cédula oficial
Introduzida nas eleições presidenciais de 1955, ela dobrou a taxa de votos nulos (de 1,8% em 1950 para 3,4% em 1955), mas causou mais problemas nas eleições proporcionais, em 1962. A proporção de nulos nas eleições para a Câmara dos Deputados, passou de 1,7% em 1958, para 3,2%. Impacto similar ocorreu na taxa de votos em branco, que passou de 7,5% em 1958 para 14,6% em 1962 -mudança motivada também pela dificuldade em preencher a cédula de papel.
É certo que esse fator não explica outras variações ocasionais. Em 1970 a esquerda fez campanha pelo voto nulo. Nas eleições para a Câmara, a taxa de nulos subiu de 6,8% para em 1966 para 9,4% em 1970 (a de brancos passou de 14,2% para 20,9%). Nas eleições de 1974, o MDB ganhou força como opção eleitoral para a esquerda e as taxas recuaram para 7,1% (nulos) e 14,2% (brancos).

Analfabetos
Outra evidência da influência dos erros de preenchimento nos votos nulos é a evolução ocorrida com Constituição de 1988, que deu o direito de voto aos analfabetos: a taxa de votos nulos para a Câmara, que foi de 6,2% em 1986, subiu para 13,7% em 1990 e 25,2% em 1994. A de votos brancos também subiu, de 21,9% para 30,0%.
Com a introdução da urna eletrônica, a taxa de votos nulos caiu de 25,2% em 1994 para 9,8% em 1998 (na qual 57,6% do eleitorado usou voto eletrônico), atingindo apenas 2,9% em 2002 (na qual 100% do eleitorado usou o voto eletrônico).
O número de votos em branco também despencou, de 16,5% em 1994 para 10,2% em 1998 e apenas 4,7% em 2002.


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